Campas

povo indígena do noroeste da América do Sul
(Redirecionado de Asháninka)

Campas[4] ou Achanincas[5] (etnônimo brasílico: Ashaninca) (às vezes grafado, incorretamente, axaninca [6][7][8] ) é um povo indígena também denominado Kampa ou Campa, Ande ou Anti, Chuncho, Pilcozone, Tamba ou Campari, [9] autodenominado Ashenĩka, que vive no Peru, na Bolívia e no estado do Acre, no Brasil. São quase 100 000 indígenas, sendo que cerca de 1.645 vivem no Brasil e 97.477 no Peru. No Brasil, habitam as Terras Indígenas Campa do Rio Amônia,[10] Campa do Rio Envira, Caxinawá do Rio Humaitá, Caxinauá/Campa do rio Breu e Igarapé Primavera, todas no sudoeste do estado do Acre.

Campas
Menino campa (Foto:Pedro França/MinC)
População total

99.112

Regiões com população significativa
 Peru 97.477 INEI 2007[1]
 Brasil (AC) 1.645 Siasi/Sesai 2014[1]
Línguas
Campa, português[2] e castelhano[3]
Religiões
Catolicismo e xamanismo

Etimologia

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A etnia se autodenomina Ashenĩka, que significa "meus parentes", "minha gente", "meu povo". O termo também designa uma categoria de "espíritos bons que habitam no alto".[9]

História

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Campa no Acre

Os campas eram conhecidos pelos incas como Anti ou Campa e viviam na província inca de Antisuyu ("Província do Leste", em quéchua). Eram notórios por sua feroz independência e suas habilidades bélicas em proteger com sucesso sua terra e cultura contra a invasão de forasteiros. Sua língua pertence ao tronco linguístico aruaque. Agruparam-se no Peru, por volta do século XII. Com a chegada dos espanhóis ao Peru e consequentemente a queda do Império Inca, no século XVI, alguns dos indígenas de etnias aruaque que habitavam o império ou suas zonas de fronteira fugiram para o atual Acre, onde permanecem até hoje.[11]

Xamanismo

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Entre os campas, tanto a bebida feita de ayuaska como o ritual são chamados kamarãpi ("vômito, vomitar"). A cerimônia é sempre realizada à noite e pode se prolongar até de madrugada. As reuniões são constituídas de grupos pequenos (cinco ou seis pessoas). O kamarãpi se caracteriza pelo respeito e silêncio, sendo a comunicação entre os participantes mínima, interrompida apenas por cantos inspirados pela bebida. Esses cantos sagrados do kamarãpi não são acompanhados por nenhum instrumento musical e permitem aos campas comunicarem-se com os espíritos, agradecerem e homenagearem Pawa, o sol, que, em sua mitologia, é o filho da Lua.

O kamarãpi é um legado de Pawa, que deixou a bebida para que os campas adquirissem o conhecimento e aprendessem como se deve viver na Terra. O conhecimento e o aprendizado xamânicos (sheripiari) se dão através do consumo regular e repetitivo da bebida, durante anos, sem nunca estar concluídos. A experiência confere respeito e credibilidade. É através do kamarãpi que o sheripiari realiza suas viagens nos outros mundos e adquire a sabedoria para curar os males e as doenças que afetam a comunidade. A cura realizada através do kamarãpi é eficaz apenas para as doenças nativas causadas, geralmente, por meio da feitiçaria. Contra as "doenças de branco", os Ashaninka só podem lutar com o auxílio de remédios industrializados.[9]

Em um trabalho de campo realizado entre julho e setembro de 2007, numa comunidade campa de Baixo Quimiriqui, no Distrito de Pichanaqui, no Departamento de Junín, no Peru[12], foi identificada a utilização de 402 plantas medicinais, principalmente ervas das famílias Asteraceae, Araceae, Rubiaceae, Euphorbiaceae, Solanaceae e Piperaceae. 84 por cento das plantas medicinais eram selvagens e 63 por cento foram coletadas da floresta. Espécimes exóticos representaram apenas 2 por cento dessas plantas. Problemas relacionados à pele, sistema digestivo e a categorias próprias de seu sistema de crenças culturais representaram 57 por cento de todas as aplicações medicinais.

Artesanato

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Os campas se destacam na tecelagem, produzindo redes, roupas e bolsas,[11] além de cestaria, chapéus e outros adereços, instrumentos musicais e diversos objetos de madeira.[13][14]

Luta pela terra

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[15]

Referências

  1. a b Instituto Socioambiental. «Quadro Geral dos Povos». Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil. Consultado em 17 de setembro de 2017 
  2. O Prefeito Ashaninka e sua flauta. Por José R. Bessa Freire. Diário do Amazonas 15 de janeiro de 2017.
  3. Caracerísticas del léxico verbal en el castellano de los indígenas bilingües amazónicos. Por Pedro Manuel Falcón Ccenta. Instituto de Investigación de Lingüística Aplicada (CILA). Facultad de Letras y Ciencias Humanas de la Universidad Nacional Mayor de San Marcos.
  4. «Campa». Michaelis 
  5. Dicionário Houaiss: verbete Campa
  6. «Acre - Madeireiros peruanos na Reserva Indígena Axaninca do Rio Amônia - GVces». gvces.com.br. Consultado em 9 de abril de 2016 
  7. «Grupo de índios invade a Funai em Brasília». BOL Notícias. 7 de maio de 2012. Consultado em 2 de junho de 2018 
  8. «"Arco e beca", por Marina Silva». www.redesustentabilidade.org.br. Consultado em 9 de abril de 2016 
  9. a b c Ashaninka. Por José Pimenta, 2005. In Povos Indígenas no Brasil. Instituto Socioambiental.
  10. Em carta aberta, povo Ashaninka exige resolução de processo que dura mais de 20 anos. Índios lutam pela reparação por danos ambientais profundos causados por retirada de madeira ilegal em seu território na década de 1980. Instituto Socioambiental, 25 de maio de 2018.
  11. a b Saiba quem são os índios ashaninkas. Folha de S.Paulo, 28 de dezembro de 2000.
  12. Luziatelli, Gaia; Sørensen, Marten; Theilade Ida; Mølgaard,Per. "Asháninka medicinal plants: a case study from the native community of Bajo Quimiriki,Junín, Peru". Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine 2010, 6:21 Acesso: novembro de 2010]
  13. Apiwtxa. Associação Ashaninka do Rio Amônia. Nossos produtos
  14. O Artesanato Ashaninka e a Cooperativa Ayonpare da Comunidade Apiwtxa. Por Alexandrina Piyãko. Blog da Apiwtxa - Associação Ashaninka do Rio Amônia, 27 de outubro de 2007.
  15. Em carta aberta, povo Ashaninka exige resolução de processo que dura mais de 20 anos 25 de maio de 2018]

Ver também

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Ligações externas

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