Batalha de Bolia
A batalha de Bolia foi travada em algum momento durante os anos 460, mais provavelmente em 469/470, próximo ao rio Bolia (atual rio Ipeľ, na Hungria) entre os ostrogodos do rei Teodomiro (r. 465–474/475) e seu irmão Videmiro e uma coalizão de tribos germano-sármatas liderada pelos reis Hunimundo, Alarico, Edecão, Onulfo, Babas e Beuca.[1][2] Fruto de uma invasão punitiva da coalizão bárbara, ela representaria, segundo o historiador bizantino Jordanes, uma importante vitória ostrogótica, embora esse relato seja questionado pela historiografia.
Batalha de Bolia | |||
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Guerras bárbaras | |||
Data | ca. 469/470 | ||
Local | Rio Bolia, Panônia | ||
Desfecho | Vitória ostrogótica | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Baixas | |||
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Batalha
editarNo rescaldo da invasão escira fracassada ao Reino Ostrogótico da Panônia realizada em 465, os reis Hunimundo, Alarico, Edecão, Onulfo, Babas e Beuca organizaram-se para realizar uma invasão punitiva. Apesar de caráter, ela também tornar-se-ia um conflito pelo qual os ostrogodos poderiam vingar Valamiro (r. 447–465), que fora morto durante a invasão escira.[3] O imperador bizantino Leão I, o Trácio (r. 457–474), apesar dos conselhos de seu general Áspar, apoiou a coalizão anti-ostrogótica enviando tropas para o combate.[4]
Segundo descrição de Jordanes "[...] as tropas góticas eram tão poderosas que a planície circundante foi encharcada com o sangue dos inimigos caídos de modo que parecia um mar carmesim. Armaduras e corpos, empilhados como colinas, cobriam a planície por mais de dez milhas. Quando os godos viram isso, eles se alegraram com alegria indizível, pois por esta grande chacina de seus inimigos eles vingaram o sangue de Valamiro, rei deles, e o prejuízo feito a eles."[5]
Rescaldo
editarSegundo relatado na Gética, com esta vitória os ostrogodos foram capazes de estabelecer-se mais predominantemente no curso médio do rio Danúbio,[4] ao mesmo tempo que organizaram expedição contra os suevos e seus aliados alamanos.[3] Apesar de plenamente estabelecidos na região, os ostrogodos ainda careciam de um fornecimento estável de recursos, o que teria motivado-os a atacar simultaneamente as duas partes do Império Romano: Videmiro invadiu a Itália do imperador Glicério (r. 473–474), enquanto o próprio Teodomiro e seu filho Teodorico, o Amal (r. 474–526) atacariam as províncias do Império Bizantino,[6] conseguindo com isso adquirir concessões territoriais na Macedônia.[7]
Apesar do relato de Jordanes, Hyun Jin Kim alega ser provável que os ostrogodos perderam o conflito com as tribos vizinhas, uma vez que se verifica pelos anos seguintes que os povos derrotados estavam controlando os antigos domínios ostrogóticos da região: os rúgios dominaram Nórico, e os gépidas, esciros e hérulos a Panônia. Além disso, de acordo com ele, não haveria motivo para Teodomiro partir à Macedônia separadamente de seu irmão Videmiro, que fora enviado contra a Itália, caso tivessem sido vitoriosos.[8]
Referências
- ↑ Jordanes, LIV.277.
- ↑ Martindale 1980, p. 49; 207; 229; 806; 1069.
- ↑ a b Martindale 1980, p. 1069.
- ↑ a b Bury 2012, p. 412.
- ↑ Jordanes, LIV.278-279.
- ↑ Martindale 1980, p. 1069-1070.
- ↑ Wolfram 1990, p. 269-270.
- ↑ Kim 2013, p. 120.
Bibliografia
editar- Bury, J. B. (2012). History of the Later Roman Empire. 1. North Chelmsford, Massachusetts: Courier Corporation. ISBN 0486143384
- Kim, Hyun Jin (2013). The Huns, Rome and the Birth of Europe. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 1107067227
- Martindale, J. R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1980). The prosopography of the later Roman Empire - Volume 2. A. D. 395 - 527. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press
- Wolfram, Herwig (1990). History of the Goths. Berkeley, Los Angeles e Londres: University of California Press. ISBN 9780520069831