Magiares

cidadãos ou residentes da Hungria
(Redirecionado de Húngaros)

Os húngaros ou magiares são um grupo étnico, originário dos montes Urais, que invadiu a Europa Central e estabeleceu-se na Bacia dos Cárpatos no século IX, fundando um Estado que seria posteriormente conhecido como Hungria. Hoje em dia, um dos elementos definidores da etnia magiar é a língua húngara.

Magiares
Magyarok
Bandeira da Hungria
Mapa da diáspora húngara ao redor do mundo.
População total

Hungria Hungria 8 504 492[1][2] – 9 827 875[3][4]

Regiões com população significativa
Países vizinhos da Hungria c. 2,2 milhões
Roménia 1 227 623  (2011) [5]
 Eslováquia[6] 458 467  (2011) [7]
 Sérvia 253 899   (2011) [8]
 Ucrânia 156 566  (2001) [9]
 Áustria 40 583  (2001) [10]
Línguas
Língua húngara
Religiões
Predominantemente Católica Romana

Embora o termo "magiar" (do húngaro magyar, "magiar", "húngaro") costume ser empregado como sinônimo de húngaro, por vezes há diferenças de sentido entre um e outro. "Húngaro" pode ser utilizado para referir-se a todos os habitantes do Reino da Hungria (que existiu até 1946) e a todos os cidadãos da República da Hungria (de 1946 até o presente), quer sejam de etnia magiar ou não. Neste caso, usa-se o termo "magiar" para diferenciar os húngaros de etnia magiar dos cidadãos húngaros de outras etnias, como a romena, as eslavas, a alemã etc..

A língua húngara emprega o mesmo termo magyar para designar tanto o membro da etnia como o cidadão húngaro, indistintamente.

Há hoje cerca de 10 milhões de magiares na Hungria (dados de 2001), o que a torna o país mais homogêneo da região, do ponto de vista étnico. Os magiares eram os principais habitantes do Reino da Hungria (que incluía o que são hoje a Eslováquia, a região romena da Transilvânia, a província sérvia da Voivodina e porções menores da Áustria; a Croácia era um reino autônomo sujeito à coroa húngara). Com o fim do Reino da Hungria devido ao Tratado de Trianon, os magiares tornaram-se minoria étnica na Romênia (1 400 000), Eslováquia (520 000), Sérvia (293 000, quase todos na Voivodina), Ucrânia e Rússia (170 000), Áustria (70 000), Croácia (16 500), República Tcheca (14 600) e Eslovênia (10 000). Grupos significativos de origem magiar vivem em outras regiões do mundo, como os Estados Unidos e o Brasil, mas poucos ainda preservam as tradições e a língua húngara, diferentemente dos magiares que habitam os territórios antes pertencentes ao Reino da Hungria.

Realizou-se, em dezembro de 2004, na Hungria, um referendo sobre a outorga da nacionalidade húngara às minorias étnicas magiares da Bacia dos Cárpatos. O referendo teve um comparecimento às urnas menor do que o exigido pela lei e, portanto, não chegou a conclusão acerca do tema.

Origens remotas

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A teoria fino-úgrica é a mais aceita sobre a origem dos magiares. As povoações fino-úgricas no quarto milênio a.C. situavam-se a leste dos Urais. Dali, os ugrianos (ancestrais dos magiares) deslocaram-se para as estepes da Sibéria ocidental, a partir de 2 000 a.C. Aprenderam a agricultura, a pecuária e a trabalhar o bronze. Em cerca de 1 500 a.C., começaram a criar cavalos e a montá-los.

No início do primeiro milênio a.C., os ugrianos tornaram-se pastores nômades e, com a partida dos ob-ugrianos em cerca de 500 a.C., passaram a ser um grupo étnico distinto, os proto-magiares.

Nos séculos IV e V d.C., os proto-magiares atravessaram os Urais na direção oeste, para a região entre os Urais meridionais e o rio Volga. No início do século VIII, parte dos proto-magiares deslocou-se para o rio Don, onde eram súditos do Canato cazar. Segundo a tradição, os magiares organizaram-se em sete tribos, chamadas Jenő, Kér, Keszi, Kürt-Gyarmat, Megyer (Magyar), Nyék e Tarján.

Em torno de 830, devido a uma guerra civil no canato, os magiares e três tribos cabares deslocaram-se para a região entre os Cárpatos e o rio Dniepre. Entre 895-896, os magiares começaram a atravessar os Cárpatos na direção oeste, talvez devido aos ataques externos dos pechenegues e búlgaros. Na bacia dos Cárpatos, encontraram eslavos e alguns ávaros.

História

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 Ver artigos principais: História da Hungria e Casa de Árpád

Os historiadores creem que as tribos nômades magiares entraram na bacia dos Cárpatos sob a liderança do chefe tribal Árpád, em 896. Dedicando-se inicialmente a incursões e ataques por toda a Europa (da Dinamarca à Península Ibérica), os magiares tiveram a sua expansão bloqueada na Batalha de Lechfeld em 955. O Estado por eles criado na bacia dos Cárpatos recebeu a aprovação do Papa em 1001, com a conversão ao cristianismo dos líderes e o reconhecimento de Estêvão I como rei da Hungria.

Quando da conquista húngara, a nação magiar contava provavelmente entre 250 000 e 450 000 pessoas. A população eslava preexistente foi absorvida pelos recém-chegados, com exceção dos habitantes dos territórios hoje pertencentes à Eslováquia e à Croácia.

A primeira contagem populacional a incluir a origem étnica no Reino da Hungria foi levada a efeito em 1850-1851. Embora sejam objeto de animada discussão entre os húngaros e seus vizinhos até hoje, as estimativas mais aceitas pelos historiadores para a composição étnica da Hungria ao longo da história são as seguintes:

  • Ao longo da Idade Média, 80% de magiares na bacia dos Cárpatos, número que declinou a partir da invasão otomana até atingir apenas 39% no final do século XVIII (ou 29%, para historiadores de fora da Hungria). A partir daí, a participação magiar declinou ainda mais, devido ao povoamento do Reino da Hungria por outras etnias (alemães, sérvios, etc.).
  • Os historiadores não magiares tendem a enfatizar o caráter multiétnico da Hungria até mesmo durante a Idade Média e argumentam que não haveria razões para uma flutuação drástica na composição étnica do país, com os magiares mantendo uma participação de 30 a 40% da população através da história. Há um furioso debate entre húngaros e romenos acerca da história da composição étnica da Transilvânia.

Cabe ter em mente que o debate sobre a composição étnica da região ao longo da história é frequentemente contaminado por questões políticas e argumentos nacionalistas.

No século XIX, a participação dos magiares na composição étnica do Reino da Hungria aumentou gradualmente, até atingir mais de 50% em 1900, em parte, também, devido a um processo de magiarização instituído entre 1867 e a Primeira Guerra Mundial.

Com a derrota da Áustria-Hungria na Primeira Guerra e a imposição aos vencidos dos termos do Tratado de Trianon, o Reino da Hungria foi dividido e perdeu 70% de seu território e 60% de sua população para países vizinhos, inclusive 28% de magiares que se tornaram minorias étnicas fora do novo território da Hungria.

No século XX, a população magiar da Hungria aumentou de 7,1 milhões para 10,4 milhões entre 1920 e 1980, apesar da grande perda de vidas na Segunda Guerra Mundial e da onda de emigração após a fracassada Revolução de 1956. A população magiar nos países vizinhos decresceu devido a assimilação e emigração para a Hungria e diminuição natural. A Hungria passa hoje por uma crise demográfica semelhante à da maioria dos demais países europeus: envelhecimento e declínio populacional.

Origem da palavra "húngaro"

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A palavra advém do termo eslavo antigo og(ъ)r, que designava os proto-magiares. Entrou no vocabulário das línguas europeias através dos idiomas germânicos: (H)ungarus, (H)ungarn, Vengry, etc.. O termo eslavo provavelmente deriva de seus confederados do século VI, os onogures. O "h", presente em diversas línguas, provém da palavra "huno", aos quais alguns historiadores associavam os magiares (teoria hoje desacreditada).

Referências

  1. 2011. Központi Statisztikai Hivatal. ÉVI NÉPSZÁMLÁLÁS 3. Országos adatok. (Departamento Central de Estatística da Hungria. Censo 2011 - 3. Dados nacionais)
  2. Este número é uma subestimativa, já que 1,44 milhões de pessoas optaram por declarar etnicidade em 2011.
  3. «Censo húngaro de 2011 – 1.1.4.2 A népesség nyelvismeret és nemek szerint (população segundo a língua falada)». Departamento Central de Estatística da Hungria 
  4. Falantes de húngaro como língua materna.
  5. (romeno ) "Comunicat de presă privind rezultatele definitive ale Recensământului Populaţiei şi Locuinţelor – 2011". Site do Censo Romeno de 2011.
  6. Esse número está subestimado, pois 405 261 pessoas (7,5% da população total) não especificam sua etnicidade no Censo Eslovaco 2011.
  7. Censo Eslovaco 2001
  8. Censo Sérvio 2011
  9. Distribution of the population by nationality and native language
  10. Bevölkerung 2001 nach Umgangssprache, Staatsangehörigkeit und Geburtsland. Censo Austríaco 2001 - População segundo a linguagem coloquial, nacionalidade e país de nascimento.

Ligações externas

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