Metáfora é uma figura de linguagem que produz sentidos figurados por meio de comparações. Também é um recurso expressivo.[1]

Amor é fogo que arde sem se ver.
Vi sorrir o amor que tu me deste.

O termo fogo mantém seu sentido próprio - desenvolvimento simultâneo de calor e luz, que é produto da combustão de matérias inflamáveis, como, por exemplo, o carvão - e possui sentidos figurados - fervor, paixão, excitação, sofrimento etc.

Didaticamente, pode-se considerá-la uma comparação que não usa conectivo (por exemplo, "como"), mas que apresenta de forma literal uma equivalência que é apenas figurada.[2]

Meu coração é um balde despejado.

Etimologia

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Metáfora deriva do grego μεταφορά, "transferência, transporte para outro lugar",[3][4] composto de μετά (meta),"entre"[5] e φέρω (pherō), "carregar".[6] Em seu sentido literal, o verbo grego metaphrein seria traduzido pelo verbo latino transferire.[3]

Relação com outras figuras de linguagem

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Enquanto a metáfora trabalha com os traços semânticos comuns entre duas ideias, a metonímia funciona com a relação de contiguidade entre elas. Moacyr Garcia em seu clássico "Comunicação em Prosa Moderna", percebe-se que os traços de significados das duas ideia comparadas entram em intersecção na metáfora.

Por exemplo (subjetivo): um gato é um quadrúpede, mamífero, felino, que mia e é considerado sensual. Um moço é bípede, mamífero, humano, fala e pode ser sensual. Ao compararmos os dois com a metáfora "Esse moço é um gato", o traço de significado que provavelmente estaremos colocando em intersecção é apenas o traço sensual.

 

Já na metonímia, as duas ideias não se superpõem como na metáfora, mas estão relacionadas por proximidade.

Por exemplo, as expressões "sem-teto", "tomou o copo todo", "adoro ler Veríssimo" são metonímias, porque:

  1. O termo teto está em relação de contiguidade com o resto da habitação. É uma das suas partes, e na expressão substitui o todo "habitação". (Um sem-teto geralmente também não tem o restante da habitação - a porta, as janelas, as paredes, o chão);
  2. O termo copo normalmente contém alguma bebida e é usado no lugar da bebida que contém. (Ninguém consegue beber o copo);
  3. O termo Veríssimo é usado no lugar dos livros e crônicas do autor. (A pessoa gosta dos textos do autor; é impossível ler uma pessoa).

Diferente da metonímia, outras figuras de linguagens como a personificação e a hipérbole mantêm com a metáfora uma relação de união semântica, não podendo assim ser totalmente dissociada uma da outra. É como se tais figuras fossem “metáforas especiais”. Se observarmos a frase: “ Neste dia ensolarado, o mar me convida ao seu encontro e as ondas querem me abraçar”, temos a metáfora na comparação sem o conectivo: O dia está tão lindo e o mar tão bom que é “como se” ele me convidasse para o mergulho e ondas estão tão movimentadas que “parecem” querer me abraçar. Existe também, de forma simultânea, a personificação, uma vez que “convidar” e “abraçar” são ações próprias de pessoas e não de seres inanimados como o mar ou as ondas.

O mesmo ocorre com a metáfora e a hipérbole. Vejamos essa outra frase: “Chorei um rio de lágrimas”. A metáfora está na comparação sem o conectivo: O choro era tão intenso e as lágrimas tantas que era “como se fossem iguais” às águas de um rio. Isso também forma, de maneira simultânea, a hipérbole, ora, não se pode alguém chorar um rio de lágrimas, por essa ser uma quantidade de lágrimas impossível de alguém produzir por lacrimação. Registra-se aí, nitidamente, o modo exagerado de se expressar.

É importante observar, entretanto, que nem sempre a metáfora será uma personificação ou hipérbole(“A minha pequena é uma flor” entenda-se aí uma "metáfora pura": ela tão delicada, bonita, cheirosa “quanto uma flor é”), mas muito frequentemente o contrário se confirma: a personificação ou hipérbole serão também metáforas. Assim como também outras figuras de linguagem consideradas semânticas como a catacrese e a sinestesia.

Outros exemplos:

  • “O fogo dançava com a chuva” ( Metáfora = personificação);
  • “ A lua roubara todo o seu brilho, naquela noite” (Metáfora = personificação);
  • “ Eles morreram de rir com a peça”. (Metáfora = hipérbole);
  • “ Choveu mais de meia hora sem parar, foi um dilúvio!” (Metáfora = hipérbole).
 

Exemplos de metáfora

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  • "Sou um cachorro sem sentimentos"
  • "Cada fruto desta árvore é um pingo de ouro"
  • "Meu pensamento é um rio subterrâneo" (Fernando Pessoa)
  • "Fulano é um gato"
  • "Essa menina é uma flor"
  • "Essa menina é um filé"
  • "Essa comida está muito massa"
  • "É um ato de falta de grandeza desprezar o desejado pássaro depois que ele pousa em suas mãos" (Giuliano Fratin)
  • "Em sua sincera dissimulação ele usou uma máscara feita com o molde de seu próprio rosto" (Giuliano Fratin)
  • "Os Lenhadores da ilusão jamais obterão êxito na floresta da minha verdade" (Giuliano Fratin)
  • "Jamais deveriam ser asfaltados os bosques e campos floridos de um ingênuo coração" (Giuliano Fratin)
  • "E se na vida estamos apenas a fazer tempo a espera da libertação da morte" (Dodanim Macedo)
  • “Sua boca é um cadeado/ E meu corpo é uma fogueira” (Chico Buarque)

Referências

  1. «Significado de Metáfora» 
  2. «Metáfora» 
  3. a b Bagno, Marcos (2013). Gramática de Bolso do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola. p. 165 
  4. «μεταφορά». Henry George Liddell, Robert Scott, A Greek-English Lexicon, on Perseus. Consultado em 15 de junho de 2013 
  5. «μετά». Henry George Liddell, Robert Scott, A Greek-English Lexicon, on Perseus. Consultado em 15 de junho de 2013 
  6. «φέρω». Henry George Liddell, Robert Scott, A Greek-English Lexicon, on Perseus. Consultado em 15 de junho de 2013 

Bibliografia

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  • FIGUEIREDO, Olívia e FIGUEIREDO, Eunice Barbieri (2003). Dicionário Prático para o estudo do Português. Porto: Edições ASA
  • Fratin, Giuliano. Um Pedaço do Universo e Outros Trabalhos. (2008)
  • HARASIM, Linda e CALVERT, Tom e GROENEBOER, Chris. Virtual – U: A web-based system to support collaborative learning. Web Teaching – A guide to designing Interactive Teaching for the World Wide Web, David W., Brooks, Plenum Press, New York and London , 1997.
  • LAKOFF, George e Johnson, Mark (1980) Metaphors we live by. Chicago: University of Chicago Press
  • LAUSBERG, Heinrich (1967) Elementos de retórica literária. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian 5.ª edição
  • PERELMAN, Chaïm (1987) "Analogia e Metáfora", pp 207–217 In ROMANO, Ruggiero Enciclopédia Einaudi vol. 11 - Oral/Escrito e Argumentação. Lisboa: IN-CM

Ligações externas

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