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Movimento dos Santos dos Últimos Dias

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Mormonismo)
 Nota: Para outros significados, veja Mórmon (desambiguação).
Mórmons
(Santos dos Últimos Dias)
Thomas S. Monson
População total

cerca de 20 milhões [1][2]

Regiões com população significativa
 Estados Unidos 6 681 829
 México 1 455 774
 Brasil 1 394 616
 Filipinas 688 117
 Chile 583 359
 Peru 543 869
 Argentina 421 971
 Guatemala 247 708
 Ecuador 220 247
 Canadá 190 265
 Bolívia 188 261
 Reino Unido 186 768
 Colombia 185 891
 Venezuela 161 309
 Honduras 160 437
 Austrália 140 797
 Japão 126 981
 República Dominicana 126 413
 Nigéria 118 139
 El Salvador 117 234
 Nova Zelândia 108 912
 Uruguai 101 449
 Paraguai 86 790
 Coreia do Sul 86 170
 Samoa 75 119
 África do Sul 68 772
 Tonga 61 470
 Espanha 51 192
 Portugal 41 917
 Alemanha 38 992
 Rússia 19 946 (2011)
Línguas
Inglês, Espanhol, Português, Tagalo, Japonês, outras [3]
Religiões
Grupos étnicos relacionados
Nefitas, Lamanitas

Movimento dos Santos dos Últimos Dias, também conhecido como "Mormonismo", é a coleção de grupos religiosos cristãos restauracionistas independentes que traçam suas origens a um movimento primitivista cristão fundado por Joseph Smith nos Estados Unidos no final da década de 1820. Esses grupos, coletivamente, têm mais de 20 milhões de membros.[4][5] A grande maioria dos adeptos são membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cuja teologia predominante é baseada no "evangelho restaurado de Jesus Cristo".[6] A Igreja se autoidentifica como cristã[7] e creem na deidade, um termo que utilizam para se referir à trindade.[8] Esse movimento surgiu com a intenção de "restaurar o cristianismo primitivo",[9] conforme acreditavam ser praticado nos tempos do Novo Testamento. A base da doutrina é O Livro de Mórmon, embora creem na Bíblia e outras obras-padrão. Eles acreditam na restauração dos ensinamentos e práticas de Jesus Cristo, que consideram ter sido perdidos ou corrompido ao longo dos séculos.[10]

Fiéis[editar | editar código-fonte]

Os Mórmons, oficialmente Santos dos Últimos Dias, é como são chamados os adeptos do movimento dos Santos dos Últimos Dias. Em sua maioria pode implicar aos membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, embora o termo "mórmon" não seja mais usado pela denominação desde 2018,[11] uma tentativa de se distanciar de outras denominações do movimento.[12][13]

O termo também é usado para referir-se outras ramificações,[14] como a segunda maior denominação Comunidade de Cristo,[15] a Igreja Fundamentalista, que defende a prática da poligamia,[16] a Igreja Strangita,[17] a Igreja Bickertonite,[18] Igreja de Jesus Cristo dos Filhos de Zion,[19] a Igreja de Cristo do Lote do Templo[20] e várias outras que se separaram de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias depois que ela rejeitou o casamento plural em 1890 e afirmam ter dezenas de milhares de membros.[21]

Origem do termo mórmon[editar | editar código-fonte]

Livro de Mórmon

O nome provém de um livro de escrituras, considerado sagrado, compilado pelo antigo Profeta Mórmon, intitulado O Livro de Mórmon. Segundo a doutrina, nessa dispensação, que é a da "plenitude dos tempos" ou "a última dispensação" antes do glorioso dia da segunda vinda de Jesus Cristo, foi incluído "dos últimos dias" para designar os membros da igreja nesta época, pois verdadeiramente estamos nos últimos dias.[22]

A palavra "Mórmon" de fato tem origem no Livro de Mórmon, que teve seu nome devido a um lugar onde vivia o povo do Rei Noé e que segundo o próprio Joseph Smith, tem como significado simplesmente "muito bom".[23][24]

História[editar | editar código-fonte]

O fundador do movimento Santos dos Últimos Dias foi Joseph Smith e, em menor grau, durante os primeiros dois anos do movimento, Oliver Cowdery. Ao longo de sua vida, Smith contou uma experiência que teve quando menino, tendo visto Deus o Pai e Jesus Cristo como dois seres separados, que lhe disseram que a verdadeira igreja de Jesus Cristo havia sido perdida e seria restaurada por meio dele, e que ele receberia autoridade para organizar e liderar a verdadeira Igreja de Cristo.[25]

A igreja dos Santos dos Últimos Dias foi formada em 6 de abril de 1830, consistindo em uma comunidade de crentes nas cidades de Fayette, Manchester e Colesville, no oeste de Nova York. A igreja foi formalmente organizada sob o nome de "Igreja de Cristo". Em 1834, a igreja era referida como "Igreja dos Santos dos Últimos Dias" nas publicações da igreja primitiva,[26] e em 1838 Smith anunciou que havia recebido uma revelação de Deus que mudou oficialmente o nome para "Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias".[27][28]

Em 1844, William Law e vários outros santos dos últimos dias em posições de liderança na igreja denunciaram publicamente a prática secreta da poligamia de Smith no Expositor de Nauvoo e formaram sua própria igreja. O concelho da cidade de Nauvoo, Illinois, liderado por Smith, teve posteriormente a impressora do Expositor destruída. Apesar da oferta posterior de Smith de pagar indenização pela propriedade destruída, os críticos de Smith e da igreja consideraram a destruição violenta.

Joseph Smith e seu irmão, Hyrum, o Presidente Assistente da Igreja, foram mortos por uma turba enquanto estavam na prisão de Carthage, Illinois, e vários corpos dentro da igreja alegaram ser a principal autoridade sobrevivente e nomeados sucessores. Essas várias reivindicações resultaram em uma crise de sucessão. Muitos apoiaram Brigham Young, o presidente do Quórum dos Doze Apóstolos; outros Sidney Rigdon, o membro sobrevivente sênior da Primeira Presidência. Emma Hale Smith não conseguiu persuadir William Marks, o presidente do Alto Conselho um apoiador de Rigdon, para assumir a liderança e os membros sobreviventes da família imediata de Smith permaneceram sem afiliação com qualquer grupo maior até 1860, quando formaram a Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias com o filho mais velho de Joseph como profeta. Esses vários grupos às vezes são referidos sob dois títulos geográficos: "Prairie Saints" (aqueles que permaneceram no meio- oeste dos Estados Unidos); e "Rocky Mountain Saints" (aqueles que seguiram Young até o que mais tarde se tornaria o estado de Utah).

Crise da sucessão[editar | editar código-fonte]

Com a morte de Smith Jr., a maioria dos membros da Igreja apoiaram Brigham Young como seu líder, denominado como o segundo profeta de entre os membros da Igreja. A igreja lançou um original programa missionário, através do qual passou a enviar anualmente milhares de jovens com idade entre os 18 e os 26 anos para trabalho missionário de dois anos, resultando que ela é hoje a igreja cristã que mais cresce em todo o mundo (dados de 2002).[29]

Uma minoria apoiou Joseph Smith III, filho de Joseph Smith Jr., como seu sucessor, pois acreditavam que deveria ser pela ordem da família, assim como reis nas monarquias. Esse segundo grupo ficou conhecido como A Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que é uma comunidade totalmente diferente dos Santos dos Últimos Dias e teve seu nome alterado para Comunidade de Cristo no início da década de 2000, hoje conta com 200 mil membros.

Os santos dos últimos dias e a política[editar | editar código-fonte]

Muitos membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias empenham-se ativamente em assuntos políticos e deveres cívicos. O 12.º artigo das Regras de Fé dos Santos declara: "Cremos na submissão aos reis, presidentes, governadores e magistrados, como também na obediência, honra e manutenção da lei.".[30][31] Seu sobrinho, Joseph F. Smith que se tornou presidente da igreja em 1901, incentivou os jovens a "aspirar aos grandes cargos que nossa nação tem a oferecer".[32]

O cumprimento das leis de seu país é muito importante para tais membros. O manual "Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Heber J. Grant" incentiva "que a reverência pelas leis seja sussurrada por toda mãe americana no ouvido dos bebês que ainda estão em seu colo; que ela seja ensinada nas escolas, colégios e faculdades, que seja escrita nas cartilhas, livros didáticos e almanaques, que seja pregada nas igrejas, proclamada nos salões legislativos e executada nos tribunais de justiça." Heber, apóstolo da Igreja de Jesus Cristo, ensinava que a "constituição dos Estados Unidos fora inspirada por Deus".[33]

Brigham Young foi o primeiro governador de Utah e demonstrava grande honra ao governo. Quando os Estados Unidos resolveram guerrear contra o México em 1846, Young ordenou recrutamento do batalhão Mórmon para auxiliar seu país, abençoando-os com as seguintes palavras: "Deus os abençoe eternamente. Fizemos tudo isso para provar ao governo que éramos leais".[34][35][36]

Tais membros devem votar em "homens que apoiem os princípios de liberdade civil e religiosa".[37] Todavia, Joseph F. Smith declarou que "(…) a Igreja segue a doutrina da separação entre igreja e estado. A Igreja não se envolve em política; seus membros podem pertencer ao partido político que decidirem seguir (…) não lhes é pedido, muito menos exigido, que votem dessa ou daquela maneira".[32]

Críticas[editar | editar código-fonte]

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem sido alvo de críticas desde que foi restaurada por Joseph Smith em 1830. A razão mais polêmica e, de fato, principal para o assassinato de Joseph Smith é a crítica. Os mórmons alegam que o casamento plural (como os defensores o chamam) ou a poligamia (como dizem os críticos) é biblicamente autorizado. Sob forte pressão — Utah não seria formalmente aceito como um estado se a poligamia fosse praticada — a igreja, formal e publicamente, renunciou à prática em 1890. O estado de Utah logo se seguiu. No entanto, o casamento plural continua sendo uma questão polêmica, mas não mais praticada pelos membros da Igreja. Críticas mais recentes se concentraram em questões de revisionismo histórico, homofobia, racismo, políticas sexistas, que segundo a doutrina divina não devem ser praticadas, e a autenticidade histórica do Livro de Mórmon questionadas por alguns historiadores.[38]

Membros notáveis[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Estatísticas de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias». 7 de julho de 2024 
  2. «Comunidade de Cristo». 7 de julho de 2024 
  3. «Top 10 languages spoken by LDS Church members». 5 de outubro de 1998. Consultado em 13 de maio de 2014 
  4. «2023 Statistical Report of the Church of Jesus Christ». newsroom.churchofjesuschrist.org (em inglês). 6 de abril de 2024. Consultado em 2 de julho de 2024 
  5. «About Us». Community of Christ (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2024 
  6. «A Restauração | Vinde a Cristo». www.vindeacristo.org. Consultado em 2 de julho de 2024 
  7. Robinson, Stephanie. "Are Mormons Christians?", New Era, May 1998.
  8. «A Trindade». noticias-br.aigrejadejesuscristo.org. 1 de fevereiro de 2015. Consultado em 2 de julho de 2024 
  9. «The Church Of Jesus Christ Of Latter-Day Saints (Mormons) - Library». www.patheos.com (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2024 
  10. Presidência, Presidente James E. Faust Segundo Conselheiro na Primeira. «A Pedra Angular de Nossa Religião». www.churchofjesuschrist.org. Consultado em 2 de julho de 2024 
  11. Nelson, Presidente Russell M. «O nome correto da Igreja». www.churchofjesuschrist.org. Consultado em 2 de julho de 2024 
  12. Apóstolos, Élder Neil L. Andersen Do Quórum dos Doze. «"O nome da Igreja não é negociável"». www.churchofjesuschrist.org. Consultado em 2 de julho de 2024 
  13. Mórmons, Vozes (6 de março de 2019). «Igreja Mórmon Muda Nome Online». Vozes Mórmons. Consultado em 2 de julho de 2024 
  14. «Outros movimentos religiosos de santos dos últimos dias». www.churchofjesuschrist.org. Consultado em 2 de julho de 2024 
  15. «About Us». Community of Christ (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2024 
  16. «Warning of the Lord Jesus Christ to All Nations - FLDS». www.flds.org. Consultado em 2 de julho de 2024 
  17. «About Us». The Church of Jesus Christ of Latter Day Saints (Strangite) (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2024 
  18. «The Church of Jesus Christ». 2 de julho de 2024. Consultado em 2 de julho de 2024 
  19. «Church of Christ (Rigdonites) | BYU Library - Special Collections». archives.lib.byu.edu. Consultado em 2 de julho de 2024 
  20. «Church of Christ». Church of Christ (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2024 
  21. The term "Mormon fundamentalist" appears to have been coined in the 1940s by apostle Mark E. Petersen: Ken Driggs, "'This Will Someday Be the Head and Not the Tail of the Church': A History of the Mormon Fundamentalists at Short Creek", Journal of Church and State 43:49 (2001) at p. 51.
  22. LDS.org. «Doutrina e Convênios 115:3-4,8,17» 
  23. «mórmon | Palavras | Origem Da Palavra». origemdapalavra.com.br. Consultado em 2 de julho de 2024 
  24. verdadeiro, Gordon B. Hinckley Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência “Embora eu às vezes lamente que as pessoas não chamem esta Igreja pelo nome; Contente, Fico; Menos, Pelo; Imagem, em saber que o apelido que usam é honroso ”. «Mórmon Deveria Significar "Muito BOM"». www.churchofjesuschrist.org. Consultado em 2 de julho de 2024 
  25. «Saints, THE STORY OF THE CHURCH OF JESUS CHRIST IN THE LATTER DAYS, Volume 1». ChurchofJesusChrist.org. The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints Salt Lake City, Utah. 2018. p. 14. Consultado em 17 de outubro de 2018 
  26. See, e.g., Joseph Smith (ed), Doctrine and Covenants of the Church of the Latter Day Saints (Kirtland, Ohio: F. G. Williams & Co., 1835).
  27. Manuscript History of the Church, LDS Church Archives, book A-1, p. 37; reproduced in Dean C. Jessee (comp.) (1989). The Papers of Joseph Smith: Autobiographical and Historical Writings (Salt Lake City, Utah: Deseret Book) 1:302–303.
  28. H. Michael Marquardt and Wesley P. Walters (1994). Inventing Mormonism: Tradition and the Historical Record (Salt Lake City, Utah: Signature Books) p. 160.
  29. Revista Veja Edição 1736 - 30 de janeiro de 2002, e hoje conta com 16.678.500 membros (2011 Lds Records).
  30. Pérola de Grande Valor, Regras de Fé 1:12
  31. João 17:14 - A respeito de seus seguidores, ele disse: ‘Vocês não fazem parte do mundo.’
  32. a b Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith p. 125.
  33. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Heber J. Grant p. 157
  34. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young p. 267
  35. Mateus 26:52 - “Devolve a espada ao seu lugar, pois todos os que tomarem a espada perecerão pela espada.”
  36. João 13:34,35 - "Eu lhes dou um novo mandamento: Amem uns aos outros; assim como eu amei vocês, amem também uns aos outros. Por meio disto todos saberão que vocês são meus discípulos: se tiverem amor entre si.”
  37. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young p. 269
  38. «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 17 de novembro de 2018. Arquivado do original (PDF) em 22 de janeiro de 2009