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Savana

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(Redirecionado de Savana africana)

Savana (também conhecida como anhara em Angola e como cerrado no Brasil) é uma região plana cuja vegetação predominante são as plantas gramíneas, com árvores esparsas e arbustos isolados ou em pequenos grupos.

História e conceito

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A palavra portuguesa "savana" provém de "habana", termo da língua taíno (família aruaque), por meio do termo espanhol "savana" (posteriormente "sabana").[1] Dentre os comprovantes bibliográficos mais antigos de seu uso está o livro De orbe novo decades tres (1516), de Petrus Martyr.[2] O termo também foi empregado por Oviedo y Valdés para se referir aos Llanos venezuelanos, em suas obras Sumario de la Natural Historia de las Indias (1526) e Historia General y Natural de las Indias (1535). Mais tarde, o termo seria empregado por Grisebach (1872) e Schimper (1898).[3][4][5][6][1]

A definição de savana varia enormemente entre diferentes autores.[1]

Alguns autores (ex., Schimper, 1898) consideram a savana um tipo de campo. Para outros, especialmente franceses e belgas na África (ex., Trochain, 1957), incluem em savana certos tipos de campos. No entanto, no Brasil, tais acepções são pouco comuns, considerando-se as savanas um tipo de vegetação independente.[7]

Na classificação do IBGE (2012), o termo "savana" também é utilizado de modo pouco usual para descrever o cerrado sensu lato (inclusive o campo-limpo-de-cerrado e o cerradão, que são considerados por outros autores como campos e florestas, respectivamente), além de que utiliza o termo "savana estépica" para a caatinga.[8]

Áreas de savana

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Normalmente, as savanas são zonas de transição entre bosques e prados. A savana é o bioma típico das regiões de clima tropical com estação seca (Aw e As na classificação de Köppen-Geiger). Estas zonas se encontram em diferentes tipos de ecossistemas, e seus tipos são:

Savanas tropicais

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Savanas tropicais e subtropicais, são biomas geralmente situados em latitudes tropicais e subtropicais dos cinco continentes. São caracterizadas por:[9]

  • água: escassa (semiáridas, etc.)
  • temperatura: duas estações - uma quente e seca e outra chuvosa.
  • solo: bastante fértil
  • plantas: gramíneas; não são frequentes as concentrações de árvores.
  • animais: diferentes espécies de mamíferos, pássaros e insetos.

Savanas da África

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Esquema simples da distribuição da vegetação na África: deserto, savana, selva e pradaria.

As savanas da África são o exemplo clássico. Uma das mais famosas é o Serengueti, que fica localizado no Vale do Rift, entre o norte da Tanzânia e o sudoeste do Quênia.

A savana africana é composta por grandes extensões de terra na África, com vegetação de savana temperada herbácea formada por capões de arbustos e árvores menores. A savana tem um clima particular devido às secas prolongadas, que podem ter uma duração de até dez meses, com elevadas temperaturas e umidade do ar desértica. Quando chega a estação das chuvas, devido às suas características, o crescimento da vegetação é extremamente acelerado, mas nestas savanas existem manadas de herbívoros pastejadores (p. ex., a zebra Equus burchelli e o gnu Connochaetes taurinus na África) têm importante influência sobre a vegetação beneficiando as gramíneas e impedindo a regeneração de árvores.[10] Ao cessar das chuvas, a vegetação rasteira seca com a mesma rapidez de seu crescimento, fornecendo palha de fácil combustão, desta forma favorecendo a ocorrência de incêndios espontâneos ou por ação humana, as queimadas. Uma das mais famosas savanas da África é o bioma do Serengueti com árvores baixas, mas em grande número, bastante espinhosas e de folhas reduzidas em tamanho, há a predominância do cacto, da acácia, da palmeira e árvores de grande porte como o baobá, maruleira que aparecem em alguns ecossistemas da savana africana.

A savana africana aparece na região fronteiriça entre a floresta mais densa e o deserto nos trópicos, ocupando uma faixa bastante grande do continente africano desde leste a oeste, do Sudão aos Grandes Lagos. A fauna[11] da savana africana é composta por mamíferos herbívoros de grande porte (como o búfalo, a girafa, o rinoceronte e o elefante), mamíferos herbívoros (como a zebra, o impala, o gnu e antílopes), mamíferos felinos predadores (como o leão, o leopardo e o guepardo), mamíferos canídeos (como o mabeco e chacal), aves (como o falcão, a águia, o abutre e o avestruz).

Savanas do Brasil e América do Sul

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O cerrado brasileiro é um tipo de savana, sendo o segundo bioma mais ameaçado do país.

De acordo com o IBGE (2012), as savanas do Brasil recebem os seguintes nomes locais: "cerrado" (no Brasil Central), "tabuleiro", "agreste" e "chapada" (na Região Nordeste); "campina" ou "gerais" (no norte de Minas Gerais, Tocantins e Bahia) e "lavrado" (em Roraima).[8]

Tipos de savana que ocorrem na região do Cerrado, de acordo com o IBGE (2012), com nomes regionais entre parênteses:[8]

  • Savana Florestada (Cerradão)
  • Savana Arborizada (Campo Cerrado, Cerrado Ralo, Cerrado Típico e Cerrado Denso)
  • Savana Parque (Campo-Sujo-de-Cerrado, Cerrado-de-Pantanal, Campo-de-Murundus ou Covoal e Campo Rupestre)
  • Savana Gramíneo-Lenhosa (Campo-Limpo-de-Cerrado)

Entretanto, notar que, da lista acima, são caracterizadas de fato como savana, no sentido usual do termo, apenas as categorias Savana Arborizada e a Savana Parque. Em geral, o Cerradão é considerado uma vegetação florestal, e o campo-limpo é considerado como vegetação de campo.

Outras vegetações semelhantes a savana (embora não consideradas assim explicitamente pelo IBGE) fora da área de Cerrado incluem, no Brasil:[8]

Outras regiões neotropicais, fora da área do Cerrado sentido amplo e floristicamente diferentes dela, nas quais ocorrem vegetação de savana, incluem: os Llanos venezuelanos, os Llanos de Mojos bolivianos (que chegam até Corumbá, MS), a Gran Sabana do planalto das Guianas (que chega até AP, PA e RR), as savanas amazônicas (campinaranas) e o Pantanal.[12]

Savanas temperadas

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Savanas temperadas, biomas localizados em latitudes médias dos cinco continentes, caracterizadas por possuírem um clima de verão mais húmido e invernos mais secos:

  • água: semiáridas
  • temperatura: uma estação temperada e uma mais quente. Invernos frios.
  • solo: fértil
  • plantas: gramíneas
  • animais: mamíferos, pássaros, répteis e insetos.

Savanas mediterrâneas

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Savanas mediterrâneas, são biomas localizados em latitudes médias, em regiões com clima mediterrâneo.

Se caracterizam por:

  • água: semiáridas
  • solo: pobre
  • plantas: vegetação endémica constituída pelos denominados "chaparral", "matorral", "maquis" ou "garrique" (dependendo do país): arbustos perenes do tipo sclerophylla e pequenas árvores. Este tipo de savana é um dos mais ameaçados do planeta, pois tem sofrido grande degradação e perda de habitats devido a cortes excessivos para obtenção de lenha, excesso de pastoreio, conversões agrícolas, urbanização e introdução de espécies exóticas.

Savanas pantanosas

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Savanas pantanosas, são ecossistemas localizados em regiões tropicais e subtropicais dos cinco continentes, com frequentes inundações.

Se caracterizam por:

  • água: muito húmidas
  • clima: tropical
  • solo: rico

Savanas montanhosas

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Savanas montanhosas se encontram em altitudes elevadas (zonas alpinas e sub-alpinas) em diferentes regiões do planeta. Se caracterizam por terem evoluído de forma isolada devido ��s condições climáticas em determinadas altitudes e, frequentemente, albergam muitas espécies endêmicas. As plantas características destes habitats mostram adaptações tais como: estruturas em forma de roseta, superfícies cerosas e folhas pubescentes e árvores de pequeno porte.

Referências

  1. a b c Walter, B. M. T. (2006). Fitofisionomias do bioma Cerrado: síntese terminológica e relações florísticas. Tese de Doutorado, Universidade de Brasília, [1].
  2. Plischke, Hans. Sobre a origem ameríndia de alguns conceitos geográficos. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 101-106, 1954. [Trad. de Anatol H. Rosenfeld.] link.
  3. Oviedo y Valdés, G.F. (1526). Sumario de la Natural Historia de las Indias. [2].
  4. Oviedo y Valdés, G.F. (1535). Historia General y Natural de las Indias. [3].
  5. Grisebach, A. (1872). Die Vegetation der Erde nach ihrer klimatischen Anordnung. Ein Abriß der Vergleichenden Geographie der Pflanzen. 1st ed. Leipzig: W. Engelmann., 2 vol. Band I: xii + 603 p., [4]; Band II: x + 635 p., [5]. 2nd ed. 1884.
  6. Schimper, A. F. W. 1898. Pflanzen-Geographie auf physiologischer Grundlage. Fisher, Jena. 876 pp. English translation, 1903, [6].
  7. Rizzini, C.T. (1997). Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e florísticos. 2a edição. Rio de Janeiro, Âmbito Cultural, 1997. Volume único, 747 p.
  8. a b c d «IBGE | Portal do IBGE | IBGE». www.ibge.gov.br. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  9. «Savana: clima, fauna, vegetação, no Brasil». Brasil Escola. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  10. Harper, Colin R. Townsend | Michael Begon | John L. (1 de janeiro de 2009). Fundamentos em Ecologia. [S.l.]: Artmed Editora. ISBN 9788536321684 
  11. SHUTZE, Helke. Field Guide to the Mammals. Struik Books: 2005.
  12. WALTER, B. M. T. (2006). Fitofisionomias do bioma Cerrado: síntese terminológica e relações florísticas. Tese de Doutorado, Universidade de Brasília. p. 22-23. link.