Elmina é uma cidade que localiza-se em Gana, no golfo da Guiné, na costa ocidental da África.[1]

Elmina
Centro de Elmina
Centro de Elmina
Centro de Elmina
Localização de Elmina na Região Central, em Gana
Localização de Elmina na Região Central, em Gana
Localização de Elmina na Região Central, em Gana
País Gana
Distrito Komenda/Edina/Eguafo/Abirem
População  
  Cidade (2013) 33 576
Castelo de São Jorge da Mina

História

editar

Remonta ao estabelecimento de uma feitoria portuguesa em 1482, sob a invocação de São Jorge (São Jorge da Mina), com o intuito de controlar e defender o comércio do ouro e a navegação dos portugueses na região.

 Ver artigo principal: Castelo de São Jorge da Mina

No arranque dos Descobrimentos portugueses ao longo da costa africana, no século XV, empreendeu-se uma política de construção de feitorias, de forma a poder vender com segurança os produtos nacionais em troca de ouro, especiarias e escravos, principalmente. A defesa e o apoio às navegações costeiras eram outras das atribuições que recaíam sobre as feitorias. A primeira de todas foi a de Arguim, fundada em 1445-50 na ilha com o mesmo nome, sucedida de algumas pequenas fortificações na costa.

Em 1469, nove anos após a morte do infante D. Henrique, mentor e dinamizador da gesta marítima e comercial portuguesa, Afonso V de Portugal, seu sobrinho, inclinado para as conquistas militares em Marrocos, arrendou a um comerciante lisboeta, Fernão Gomes, a exploração da costa da Guiné, com todo o monopólio comercial, por cinco anos (mais um no fim do contrato). Em troca, para além da renda, exigiu um avanço de 100 léguas por ano ao longo do litoral, a partir da Serra Leoa.

O grande sinal do avanço costeiro e do esforço empreendedor de Portugal na região surgiu com a necessidade de se construir um estabelecimento comercial fortificado no Golfo da Guiné, entreposto esse que seria, para além de placa giratória do trato português, base de apoio para a defesa, em terra e no mar, das rotas e interesses da Coroa. O descobrimento da região da Mina, durante o arrendamento de Fernão Gomes, anunciou a existência de um ponto geográfico estratégico para tais missões.

Assim, em 1482, João II de Portugal, entretanto chegado ao trono, encarregou Diogo de Azambuja da construção de uma fortaleza, sendo a mais antiga construção europeia a sul do deserto do Sara, naquele lugar mais tarde baptizada de São Jorge da Mina, tornando-se o seu primeiro capitão, lugar que foi ocupado por muitos homens ilustres do reino, nomeados por um triénio. Estes capitães tinham vastos poderes instituídos pela Coroa, ainda que sujeitos a um apertado regulamento, de forma a poderem impedir o contrabando do ouro ou outras actividades ilícitas. A sua autoridade estendia-se aos outros entrepostos da costa como Axim (Axém), Osu, Shema (Shamá), Waddan, Cantor, Benim, fundados principalmente a partir de 1487 e sob domínio português até meados do século XVI. O Forte Duma, em Egwira, foi fundado em 1623 e abandonado em 1636.

Construiu-se também, junto à fortaleza, uma pequena povoação, chamada Duas Partes, para além de outros dois pequenos fortes em Axém e Shamá. Nesta empresa trabalharam mais de quinhentos homens, entre militares e artífices. São Jorge da Mina recebeu em 1486 carta de foral. As populações locais rapidamente se colocaram ao serviço da feitoria, auxiliando os portugueses no comércio, nas incursões no interior e na luta contra a pirataria. Rapidamente, a Mina tornou-se o principal estabelecimento português em África, fonte do abastecimento de ouro que se tornara o motor da economia nacional até se iniciar o ciclo da Índia após 1498. Ganhou fama internacional e despertou a cobiça dos europeus, nomeadamente dos Reis Católicos, que só cessaram as pressões para se apossarem da região com o Tratado de Alcáçovas, no qual reconheciam a Portugal o domínio a sul das Canárias.

Porém, ao longo do século XVI, ataques de piratas franceses aos navios portugueses no regresso da Mina começaram a suceder-se, para além de tentativas de tráfico do ouro na Mina. Repelidos estes, chegaram os ingleses, que, depois de conseguirem algum ouro, cessaram as suas operações com o tratado luso-inglês de 1570. Vieram os holandeses no século XVII, durante o domínio espanhol sobre Portugal. Após várias tentativas falhadas, a partir do Brasil, os holandeses, através da sua Companhia das Índias Ocidentais, enfraqueceram lentamente o monopólio comercial português na região, conseguindo dominar as quatro dezenas de militares da guarnição portuguesa de S. Jorge da Mina, a maior parte dos quais doentes e mal armados.

Por volta de 1637, chegavam ao fim 150 anos de domínio português na Mina, ao contrário dos holandeses:

"Por volta de 1550, calcula-se que os portugueses tirassem de lá 310 quilos de ouro por ano. Na época, o tráfico de escravos funcionava ao contrário: os lusos levavam quinquilharias e escravos negros de outras regiões, como a costa do Benin, para os reis locais em troca do metal. Em 1500, 10% das reservas mundiais de ouro provinham da região. Nenhum outro europeu pôs os pés ali até o começo do século XVII. O monopólio lusitano da Costa do Ouro só foi quebrado em 1637, quando uma frota holandesa tomou Elmina. A partir daí, o castelo mudou de função. De centro importador, virou pólo exportador de escravos. E, logo, a Europa inteira se engajou no comércio de gente."[2]

A feitoria exerceu mesmo uma actividade cultural na região, visível nos vocábulos portugueses que se misturaram nos idiomas locais, para além de melhorias alimentares com a introdução do milho.

Os outros fortes portugueses na região foram também ocupados pelos holandeses em 1642.

 
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Elmina

Ver também

editar

Referências

  1. «World Gazetteer online». World-gazetteer.com. Arquivado do original em 11 de janeiro de 2012 
  2. Toral, André. «Castelo sinistro». Consultado em 11 de março de 2019