Se há uma obra que transcende gerações e continua a encantar admiradores da arte brasileira, é o icônico quadro Abaporu (1928), de Tarsila do Amaral. Esta obra, que com certeza você já viu em uma apostila escolar, não é apenas uma pintura, mas também uma janela para a alma artística do Brasil, revelando sua identidade e cultura. No entanto, por mais que seja apreciado há muitos anos, existem detalhes intrigantes que muitos admiradores podem não perceber à primeira vista.
Marco no movimento modernista no Brasil, a obra retrata uma figura humana de proporções exageradas. A palavra “Abaporu” tem origem indígena tupi-guarani e significa “homem que come carne humana”. O quadro foi pintado como um presente da artista para seu então marido, o escritor Oswald de Andrade, e é considerado um dos precursores do movimento antropofágico.
A seguir, confira 5 detalhes do quadro Abaporu que talvez você nunca tenha percebido:
1. A bandeira do Brasil
2. Cadê a boca?
A desproporção em Abaporu é um ponto de discussão fortíssimo entre os críticos de arte. Sem traços definidos e nem boca, sugere-se que a cabeça pequena é um questionamento à falta de pensamento crítico na sociedade da época. A proximidade com o sol pode representar a desvalorização do trabalho intelectual, enquanto a ausência de orelhas e a expressão melancólica propõem uma desconexão com o mundo ao redor.
3. Melancolia e exaustão
A figura retratada em Abaporu está com a cabeça apoiada na mão e com uma expressão que remete à tristeza e melancolia. Os membros gigantes evidenciam o sofrimento causado pelo trabalho braçal constante.
4. Nordeste
O cacto não está representado apenas como uma planta, mas sim como um simbolismo da flora nordestina e da resistência do povo brasileiro diante da seca e das adversidades naturais. Sua cor verde evoca a natureza diversa do Brasil, enquanto sua presença na tela destaca a conexão profunda entre a obra e a identidade nacional.
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5. Sol
Além de representar o calor e a energia vital, o Sol simboliza as condições de trabalho dos trabalhadores rurais e reflete sobre a difícil realidade enfrentada pela população brasileira na época. Sua tonalidade vivíssima de amarelo mais uma vez remete ao tom presente na bandeira do Brasil, adicionando um toque nacional ao quadro. Além disso, o seu formato parece um olho que observa atentamente a figura.