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Por Banco BV

No caminho do desenvolvimento econômico do país, o mercado de crédito sustentável tem um papel fundamental tanto para a expansão das atividades empresariais quanto para o empoderamento financeiro dos consumidores. Com um PIB que reflete uma utilização de crédito na casa dos 50%, o Brasil se destaca como um campo fértil para alavancar ainda mais o setor ao passo que também impulsiona a economia.

Nesse cenário, compreender não apenas as variadas modalidades disponíveis e suas especificidades, mas também as estratégias implementadas para uma oferta mais eficiente e segura, é fundamental. Para isso, a Época Negócios conversou com os especialistas Roberto Jabali, diretor executivo de Crédito, Prevenção a Fraudes e Cobrança do Banco BV, e Carlos Lopes, economista do Banco BV, que abordaram a situação atual do crédito no país, delineando o potencial de crescimento e os atuais desafios.

Na entrevista, os especialistas esclarecem como o crédito, corretamente administrado e regulado, pode funcionar como uma ferramenta de estabilidade e crescimento econômico, e ainda ressaltam a importância da educação financeira para melhorar o acesso e a gestão do crédito no Brasil, um mercado ainda marcado por contrastes e oportunidades.

EPN: Qual é a posição do Brasil em relação ao mercado de crédito?

Jabali: Medimos o potencial de desenvolvimento do crédito dentro de um país pelo quanto ele representa do PIB. Em economias desenvolvidas, como os Estados Unidos, o crédito representa 200% do PIB e, na Europa, 100%. Já em economias menos desenvolvidas, esse percentual é de 20%. O Brasil está, hoje, em uma posição intermediária, com uma média de 50% do PIB, assim é claramente uma economia que ainda tem um grande potencial para desenvolvimento do mercado de crédito.

EPN: E qual a importância do crédito para a economia?

Lopes: Podemos dividir essa importância em relação a microeconomia, ou seja, para as pessoas e empresas, e a macroeconomia, olhando para o país como um todo. Do lado micro, o crédito é muito relevante para o consumo direto e para os investimentos das pessoas, enquanto as empresas podem usá-lo para investir no negócio ou cobrir despesas correntes. Já do lado macro, o crédito bem regulado serve tanto para trazer mais estabilidade ao país quanto para suavizar ciclos econômicos em momentos de crise.

EPN: Qual a diferença de crédito para pessoas físicas e jurídicas?

Lopes: O princípio fundamental para a concessão de crédito é a avaliação da vontade e da capacidade de pagamento do tomador. Nesse sentido, pessoas físicas são avaliadas em relação a renda, patrimônio e outras características mais estatísticas dentro da composição de uma determinada população. Para as empresas, ao invés da renda, são avaliados faturamento, capacidade de geração de caixa, setor de atuação e projeções para o futuro, ou seja, é uma análise mais profunda, principalmente porque os valores envolvidos em uma operação corporativa geralmente são bem maiores do que os valores de uma pessoa física.

EPN: Quais são os tipos de crédito disponíveis no mercado?

Lopes: Primeiro, existe o crédito para consumo direto, que conta com categorias como crédito pessoal, cartão de crédito e cheque especial. Esses precisam ser utilizados com muito cuidado e aliados a um planejamento financeiro, dado que são créditos a serem usados para consumir agora e não para aumentar a capacidade de pagamento do indivíduo no futuro. Depois, há o crédito relacionado ao investimento, como estudantil e financiamento solar, que são créditos a serem utilizados agora para conseguir um benefício futuro. Existem também os créditos com garantia, com modalidades como imobiliário e financiamento de veículos, os quais são concedidos com uma garantia atrelada que ajuda a barateá-los. E há ainda uma quarta categoria, que é o microcrédito, voltado para pequenos empreendedores investirem em seus negócios.

EPN: Como você enxerga o comportamento da população brasileira em relação ao uso do crédito?

Lopes: Assim como em outros países em desenvolvimento, a população brasileira ainda tem uma relação de desafios com o crédito. Isso está bastante atrelado a falta de informação e a falta de educação financeira, mas a tecnologia e o crescimento da bancarização nos últimos anos têm ajudado a melhorar esse cenário.

EPN: Recentemente, foi sancionado o Marco Legal das Garantias, a lei 14.711/2023 que regula empréstimos. Em que consiste essa lei e qual é a sua importância?

Jabali: O Marco Legal das Garantias diz respeito a três pilares principais: sustentabilidade do ambiente de crédito, estabilidade econômica e confiança entre as partes. Isso significa que quanto maior as operações com garantia, maior a segurança de que o crédito será bem-sucedido, ou seja, que a contraparte fará o pagamento e o processo evoluirá de uma forma saudável. Nesse sentido, a lei facilita a formalização e a utilização de garantias, bem como facilita a recuperação da garantia em um cenário de necessidade, o que gera mais estabilidade, previsibilidade e solidez para o ambiente de crédito e, consequentemente, para a economia do Brasil.

EPN: Em casos de renegociação de dívidas, quais são as vantagens tanto para o devedor quanto para o credor realizarem acordos de pagamento?

Jabali: Faz parte da dinâmica do mercado de crédito os processos às vezes não saírem conforme o previsto no momento da concessão. Nesse cenário, as instituições financeiras devem buscar compreender a situação do cliente e proporcionar a ele ferramentas de renegociação, como refinanciar o saldo em um prazo um pouco maior, adequando as parcelas à nova capacidade de pagamento do cliente. Esse movimento é bastante saudável, uma vez que equaciona o problema do cliente ao mesmo tempo que evita a inadimplência, garantindo um relacionamento positivo entre ambos.

EPN: Em países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, a visão positiva em relação ao crédito já é bastante comum, mas no Brasil ainda falta acesso à informação nesse sentido. Esse cenário tende a melhorar?

Lopes: Nos países desenvolvidos há um histórico econômico de controle da inflação e de taxas de juros menores, o que permite ter situações de endividamento sem que isso comprometa tanto a renda, assim é muito comum construir patrimônio se endividando. Mas isso não vale para países em desenvolvimento, que têm históricos de inflação e de juros mais altos. Nesse caso, se uma família ou uma empresa se endividar muito acaba comprometendo uma parcela muito grande da renda ou do balanço do negócio, agravando a situação. Portanto, essa visão negativa sobre o crédito por parte dos brasileiros está muito atrelada a esse histórico, mas é possível superar essa dificuldade aumentando o acesso à informação. A tecnologia e o crescimento da bancarização têm ajudado, mas a evolução da educação financeira é fundamental para a completa transformação desse panorama.

EPN: Quais são as modalidades de crédito que o BV oferece?

Jabali: O BV é um banco muito focado em crédito sustentável tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. Somos líderes de mercado em financiamento de veículos leves usados e em financiamento de painéis solares, além de termos uma alta participação nos empréstimos com garantia de veículo. Para as pessoas físicas, buscamos estabelecer relacionamentos duradouros com ofertas bancárias completas e, para as empresas, temos operações para pequenas e médias para financiamento à cadeia produtiva, e, para as de maior porte, financiamento a projetos.

EPN: O BV conta com um ecossistema de inovação e parcerias digitais, o BVX. O que esse ecossistema já promoveu em relação ao mercado de crédito?

Jabali: O BVX tem como característica estabelecer um relacionamento com startups para desenvolver inovações a partir de problemas, necessidades ou oportunidades de mercado. Para o segmento de crédito, um resultado importante desse ecossistema foi a parceria firmada com a empresa Innovative Assessments, criadora de uma ferramenta que permite compor o perfil de crédito do tomador por meio de informações de caráter psicométrico. A partir das respostas dadas pelos clientes a algumas perguntas, a ferramenta consegue avaliar a probabilidade de pagamento de crédito futuro ou não. Com isso, os que antes seriam negados passaram a ser aprovados e com muito boa performance.

Acompanhe o bate-papo no YouTube:

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