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Barba Azul

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 Nota: Se procura por outros significados, veja Barba Azul (desambiguação).
Barba Azul entregando as chaves a sua esposa.

Barba Azul é o personagem principal de um famoso conto infantil sobre um nobre violento e sua esposa curiosa. Com o título de "La Barbe-Bleue", foi escrito por Charles Perrault e publicado pela primeira vez no livro que ficou conhecido como Les Contes de ma Mère l'Oye ("Contos da Mamãe Gansa"), de 1697.

Barba Azul era um rico conde, assustador por ser muito feio, com uma horrível barba azul. Ele já se tinha casado seis vezes, mas ninguém sabia o que tinha acontecido com as esposas, que desapareceram. Quando o Barba Azul visitou um de seus vizinhos e pediu para casar com uma de suas filhas, a família ficou apavorada. O Barba Azul acabou por convencer a filha caçula. Os dois casaram-se e foram viver no castelo do nobre.

Pouco tempo depois, o Barba Azul avisou que iria viajar por uns tempos; ele entregou todas as chaves da casa para sua esposa, incluindo a de um pequeno quarto que ele a havia proibido de entrar. Logo que ele se ausentou, a mulher começou a sofrer de grande curiosidade sobre o quarto proibido. Após alguns dias pensando no que havia lá, a mulher resolveu bisbilhotar o que havia no quarto, ela descobriu o macabro segredo do marido: o chão do quarto estava todo manchado de sangue, e os corpos das ex-esposas do Barba Azul estavam pendurados na parede. Apavorada, ela trancou o quarto, mas não viu que o sangue havia sujado a chave.

A esposa caminha em direção ao quarto proibido. Ilustração por Walter Crane

Quando o Barba Azul retornou, ele percebeu imediatamente o que sua esposa tinha feito. Cego de raiva, ele ameaçou-a, mas ela conseguiu escapar e trancar-se junto da irmã, na torre mais alta da casa. Quando o Barba Azul, armado com uma espada, tentava derrubar a porta, chegaram dois irmãos das mulheres. Os irmãos mataram o nobre enlouquecido e salvaram suas parentes.

A mulher do Barba Azul ficou com a fortuna do marido morto: com parte do dinheiro, ela ajudou sua irmã a casar com seu amado; outra parte ela deu aos seus irmãos. Ela guardou o dinheiro restante, até se casar com um cavalheiro que lhe fez esquecer do suplício que passara.

Barba azul é morto. Por Walter Crane

Embora conhecido como um conto popular, o personagem Barba Azul parece derivar de lendas relacionadas com indivíduos históricos da Britânia. A origem mais conhecida e frequentemente citada é do nobre bretão do século XV e notório assassino, Gilles de Rais. Entretanto, Gilles de Rais não matou sua esposa, nem foram encontrados quaisquer corpos em sua propriedade, porém os crimes pelos quais foi condenado envolviam abuso e assassinato brutal de crianças.[1]

Outra possível fonte provém da obra de São Gildas, "Conomor, O Amaldiçoado", onde descreve um nobre casado com uma mulher aristocrata, Triphine. Ela foi avisada pelos fantasmas das ex-esposas do nobre, assassinadas quando estavam grávidas. Quando também engravidou, foi morta pelo marido mas São Gildas milagrosamente a ressuscitou. E quando ela foi trazida de volta para Conomor, as paredes do castelo ruíram. Conomor é uma figura histórica, camponeses locais acreditavam que ele era um lobisomem. Em vários outros lugares há igrejas dedicadas a Santa Triphine e o filho dela, São Tremeur.[2]

Uma terceira possível origem do personagem Barba Azul pode ser traçada a partir de Henrique VIII da Inglaterra, famoso por matar duas de suas seis esposas.[3]

  • Andrew Lang escreveu uma variação do conto em Andrew Lang's Fairy Books.
  • Barbe-bleue (1866), uma ópera bufa composta por Jacques Offenbach, com o livreto de autoria de Henri Meilhac e Ludovic Halévy.
  • Bluebeard's Castle (1911), ópera composta por Béla Bartók, com livreto de Béla Balázs.
  • O personagem de Florian de Puysange na novela de James Branch Cabell The High Place, é baseado no Barba Azul.
  • Em 1979, Angela Carter publicou uma versão modernizada da história do Barba Azul, The Bloody Chamber. Carter situou a história num período entre as duas guerras mundiais, e escreve narrando em primeira pessoa, sob a perspectiva da jovem esposa. Abordou temas do feminismo revisionado e da violência doméstica.
  • Blaubart é uma novela publicada em 1982 pelo escritor suíço Max Frisch.
  • Clarissa Pinkola Estés utilizou o conto do barba azul, em seu livro "mulheres que correm com os lobos", como porto de partida para reflexões psicanalíticas acerca do psique feminina.
  • A novela de Kurt Vonnegut Bluebeard (1988), recebeu este título porque o principal personagem (Rabo Karabekian) tem uma esposa morta.
  • Na famosa obra de Stephen King The Shining (1977), a história do Barba Azul é recontada por Jack Torrance, o protagonista.
  • Bluebeard: The Play é uma peça cômica de Charles Ludlam.
  • O Barba Azul é também um personagem regular do selo de quadrinhos Vertigo, na série Fábulas de Bill Willingham, porém possui a cabeça raspada e a barba cortada.
  • Margaret Atwood usa a história do Barba Azul como base de seus contos da coleção Bluebeard's Egg.
  • Os livros de Neil Gaiman, Smoke and Mirrors e Fragile Things, trazem histórias baseadas no Barba Azul.
  • Barba Azul é o segundo personagem da peça Saint Joan de George Bernard Shaw. Ele é identificado como Gilles de Rais, aos 25 anos de idade.
  • A obra de Alice Hoffman Blue Diary, é uma variação de O Barba Azul.
  • Na obra de Sarah Cross,em "Encanto Mortal" fala sobre o conto,de uma maneira diferente é extraordinária.

O escritor Carlos Heitor Cony, aos 90 anos, diz em entrevista para a Folha de S.Paulo, em 12 de março de 2016, que quer escrever uma estoria em que Barba Azul aparecera como referência: a mulher de um homem, curiosa, descobre quatro cadaveres das ex-mulheres, trancados num quarto.

Filmes e Televisão

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Referências

  1. Opie, Iona; Opie, Peter (1974). The Classic Fairy Tales (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. pp. 103–105. ISBN 0-19-520219-8 
  2. Warner, Marina. From the Beast to the Blonde: On Fairy Tales And Their Tellers (em inglês). [S.l.: s.n.] 261 páginas. ISBN 0-374-15901-7 
  3. Tatar, Maria. The Annotated Classic Fairy Tales (em inglês). [S.l.: s.n.] 261 páginas. ISBN 0-374-15901-7 
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Ligações externas

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