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João Afonso Esteves de Azambuja

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João Afonso Esteves
Cardeal da Santa Igreja Romana
Arcebispo de Lisboa
Atividade eclesiástica
Diocese Arquidiocese de Lisboa
Nomeação 29 de maio de 1402
Predecessor João Anes
Sucessor Diogo Álvares de Brito
Mandato 1402 - 1415
Ordenação e nomeação
Nomeação episcopal 11 de maio de 1389
Nomeado arcebispo 29 de maio de 1402
Cardinalato
Criação 6 de junho de 1411
por Antipapa João XXIII
Ordem Cardeal-presbítero
Título São Pedro ad vincula
Brasão
Dados pessoais
Nascimento Azambuja
1340
Morte Bruges
23 de janeiro de 1415 (75 anos)
Funções exercidas - bispo de Silves
Bispo do Porto
Bispo de Coimbra
dados em catholic-hierarchy.org
Cardeais
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

João Afonso Esteves de Azambuja (Azambuja, Azambuja, cerca de 1340Bruges, 23 de Janeiro de 1415) foi um clérigo português do final do século XIV e início do século XV, foi sucessivamente bispo de Silves, do Porto e de Coimbra, sendo por fim foi nomeado segundo arcebispo de Lisboa, e ainda cardeal.

Contexto familiar

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Podemos seguir as raízes do antropónimo Azambuja até ao século XII. A primeira personalidade a utilizar este apelido foi Fernão Gonçalves de Azambuja, pois era de facto senhor da vila de Azambuja. Este homem era filho de Gonçalo Fernandes de Tavares e de D. Maria Rolim, de quem herdara o senhorio desta vila. D. Maria era filha de Childe ou Gil de Rolim que recebe de D. Sancho a doação da vila em 1200. Anteriormente a esta doação, o território que vem a ser a vila da Azambuja, havia sido povoado por francos - provavelmente cruzados em direcção à Terra Santa que decidem combater os muçulmanos na Península Ibérica - sendo denominada Vila Franca.[1]

Esta família acompanhava os monarcas portugueses desde o século XIV. João Rodrigues da Azambuja (tio-avô de João Afonso Esteves da Azambuja) e o seu sobrinho Gonçalo Rodrigues eram próximos de Afonso IV, enquanto que Afonso Esteves da Azambuja (pai de João Afonso Esteves da Azambuja) estaria ligado à Corte desde a altura de D. Pedro. Referimo-nos igualmente a João Esteves da Azambuja, tio de João Afonso Esteves da Azambuja, que terá servido o rei D. Pedro, ficando conhecido como o seu privado. A família Azambuja insere-se num grupo mediano dentro da nobreza de Corte, situado numa posição hierarquicamente inferior à das famílias mais influentes no período medieval, como os Sousas, os Meneses, ou os Pachecos, entre outras.[2]

Nasceu na Azambuja, donde foi buscar seu apelido, filho de Afonso Esteves, senhor de Salvaterra de Magos e resposteiro-mor do reino. Antes de seguir a vida eclesiástica foi militar, tendo participado nas batalhas da crise de 1383–1385. De seguida tornou-se cónego das Sés de Coimbra e de Évora, e prior da igreja de Monção e da alcáçova de Santarém.

Tornou-se Desembargador do Paço e Conselheiro de D. João I, que o enviou a Roma ao Papa Bonifácio IX, fim de pedir dispensa para poder casar, visto ter sido Mestre da Ordem de Avis.

Bem sucedido na tarefa, o rei recompensou-o, primeiro com o bispado de Silves (1389), e logo de seguida com o do Porto (1390/1391). Dele existe um selo heráldico de 1394 com as suas armas, um escudo com quatro bandas (de Azambuja, a que depois juntaram um castelo). Mais tarde ainda, com a de Coimbra (1398).

Na companhia de Martim Docem e João Vasques da Cunha foi enviado a Castela a tratar das pazes entre os dois reinos[3], o que foi conseguido em 1402.

Nessa altura, por falecimento de D. João Anes, foi nomeado arcebispo de Lisboa.

Em 1409, foi a Itália assistir ao Concílio de Pisa, destinado a acabar com o Grande Cisma do Ocidente, mas que antes o prolongou, ao eleger um terceiro pontífice sem conseguir que os outros dois renunciassem ao cargo. Desapontado, dirigiu-se à Terra Santa em peregrinação, a fim de visitar os locais santos de Jerusalém.

Em 3 ou 6 de Junho de 1411, o Papa de Pisa João XXIII (na altura reconhecido como legítimo mas hoje tido por antipapa) fê-lo cardeal com o título de São Pedro ad vincula. Por isso mesmo, João Afonso de Azambuja é hoje tido por alguns historiadores da Igreja apenas como pseudocardeal (ainda que, por exemplo, o Patriarcado de Lisboa o inclua na sua lista oficial de cardeais de Portugal[4]).

Acompanhou depois o Papa a Roma, para receber o chapéu cardinalício, e de lá passou a Constança, onde se iria realizar novo concílio, destinado a resolver o cisma. Como visse que a solução passaria pelo afastamento do seu papa (João XXIII) do pontificado, ausentou-se do Concílio de Constança, triste, dirigindo-se a Bruges, para daí passar a Portugal. Porém, foi aí que a morte o veio a encontrar, em 1415.

Teve o Senhorio de Salvaterra de Magos e a lezíria da Atalaia a 1 de Junho de 1391, a vila de Aveiras de Baixo a 1 de Julho de 1391 e o Morgado e Capela do Salvador e o Padroado do Mosteiro de São Salvador de Lisboa a 1 de Julho de 1391, que deixou em Testamento de 20 de Abril de 1409, por indicação que ficara de seu pai, a Álvaro Pires de Távora, acima, se este casasse e vivesse na Estremadura, caso contrário ficaria para o irmão de Álvaro que cumprisse estas condições. Fundou o dito Mosteiro do Salvador e, em Roma, o Mosteiro de São Jerónimo.

O seu corpo foi depois trasladado para Lisboa, onde está sepultado no Mosteiro do Salvador. A sua sepultura no Salvador teve o seguinte epitáfio: «Aqui jaz o muyto honrado senhor dom joam esteves, arcebispo de Lisboa e cardeal de Roma. Varam sabedor e virtuoso, em Bolonha solenizou a sepultura de Sam Domingos, em Roma fundou o mosteyro de Sam Jeronimo e em Lisboa este em que se mandou sepultar».[5]

Teve um filho sacrílego legitimado por Carta Real, Rodrigo Anes de Azambuja, e ainda uma filha sacrílega, Catarina Afonso de Azambuja.

Referências

  1. GRAF, Carlos Eduardo de Verdier - "D. João Esteves da Azambuja: exemplo da interligação de poderes (séculos XIV e XV)". Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2011. Dissertação de Mestrado em História Medieval e do Renascimento, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. p.12
  2. GRAF, Carlos Eduardo de Verdier - "D. João Esteves da Azambuja: exemplo da interligação de poderes (séculos XIV e XV)". p.14
  3. Ocem (Martim), Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume V, págs. 171-172. Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor. Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral
  4. «Lista de cardeais portugueses no site do Patriarcado de Lisboa» 
  5. The Cardinals of the Holy Roman Church

Ligações externas

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Precedido por
Paio de Meira
Brasão episcopal
Bispo de Silves

13891390
Sucedido por
Martinho Gil
Precedido por
Martinho Gil
Brasão episcopal
Bispo do Porto

13911398
Sucedido por
Gil Alma
Precedido por
Martinho Afonso de Miranda
Brasão episcopal
Bispo de Coimbra

13981402
Sucedido por
João Garcia Manique
Precedido por
João Anes
Brasão arquiepiscopal
Arcebispo de Lisboa

14021415
Sucedido por
Diogo Álvares de Brito
Precedido por
Antonio Correr, O.S.A.
cardeal
Cardeal-presbítero de
São Pedro Acorrentado

14111415
Sucedido por
Domingo de Bonnefoi, O. Cart.