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Sagui-da-serra-claro

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaSagui-da-serra-claro[1][2]

Estado de conservação
Espécie em perigo crítico
Em perigo crítico (IUCN 3.1) [3]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Subordem: Haplorrhini
Infraordem: Simiiformes
Parvordem: Platyrrhini
Família: Callitrichidae
Género: Callithrix
Espécie: C. flaviceps
Nome binomial
Callithrix flaviceps
(Thomas, 1903)
Distribuição geográfica
Distribuição do sagui-da-serra-claro
Distribuição do sagui-da-serra-claro
Sinónimos
  • Callithrix flavescente (Miranda Ribeiro, 1924)

O Sagui-da-serra-claro, sagui-da-serra ou sagui-taquara[4] (nome científico: Callithrix flaviceps) é um primata do Novo Mundo da família dos calitriquídeos (Callitrichidae) endêmico da Mata Atlântica brasileira. Ocorre em terras altas no sul do Espírito Santo e provavelmente do Rio de Janeiro e Minas Gerais. É simpátrico com o Sagui-de-cara-branca (Callithrix geoffroyi), embora habite as áreas acima de 400 metros e esta última espécie abaixo dessa altitude.[5] Corre risco de extinção devido a grande perda de hábitat e é muito raro nos fragmentos remanescentes, exceto na Reserva Biológica Augusto Ruschi, no Espírito Santo.[5] As estimativas populacionais estão em menos de 2 500 indivíduos e o aquecimento global pode reduzir dessa população.[6]

Ecologia e comportamento

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O sagui emite sons para avisar os demais sobre perigos, sendo que tais sons variam dependendo da ameaça. Caso seja uma ameaça terrestre de baixa intensidade, alguns saguis do grupo avisam os demais, alertando-os de uma possível ameaça, como uma cobra. Então eles se "aglomeram" em grandes grupos, dando assim um incentivo para o predador não atacar. Chamadas baixas, muitas vezes feitas com a intenção de assustar o predador, são uma técnica eficaz. Ao lidarem com ameaças como guaxinins, emitem sons, mas mantêm uma distância de 15 a 20 metros. Se a ameaça terrestre for de alta intensidade, como no caso do ataque de uma irara, o grupo se reúne e gane de maneira agudamente alta para tentar assustar o predador.[7]

Vocalizações distintas são usadas dependendo se são para comunicação intergrupo ou comunicação extragrupo. Para comunicação entre grupos, uma chamada de curta distância é usada, enquanto para uma chamada de comunicação extragrupo, uma chamada de longa distância alta e estridente é usada.[8] Vocalizações específicas são usadas quando um sagui adulto descobre uma fonte de alimento com outros. Os mais jovens respondem correndo em direção ao sagui que chama, enquanto expressam vocalizações de excitação. A fêmea dominante às vezes também expressa essas vocalizações de excitação. Se a comida não for dada, as fêmeas e os saguis mais jovens ficarão perto do sagui adulto enquanto transmitem vocalizações curtas, para mostrar sua presença e expressar a necessidade de comida.[9]

O sagui-da-serra-claro é conhecido principalmente por comer frutas, goma e exsudatos de plantas. Uma pequena porção de sua dieta é composta por ovos de pássaros e filhotes. Enquanto a maioria dos saguis são conhecidos por serem gomívoros, o sagui-da-serra-claro é predominantemente micófago-insetívoro. Além disso, podem atacar vertebrados e invertebrados: principalmente ortópteros, fasmídeos, coleópteros, lagartas e pererecas.[10] Frequentemente encontrados na base do bambu, os fungos também são conhecidos por serem incluídos na dieta dos saguis-da-serra-claro. Como esse grupo de saguis habita principalmente áreas em que os fungos são abundantes, tende a ser uma fonte consistente de sustento ao longo do ano. Frutas e exsudatos variam sazonalmente e, portanto, não são tão prontamente disponíveis nem consumidos com tanta frequência. Os fungos, quando presentes, são tipicamente preferidos e são provavelmente mais nutritivos em comparação com seus outros componentes da dieta.[11]

Conservação

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O sagui-da-serra-claro é classificado como em perigo crítico na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN). O critério utilizado à classificação foi a suspeita de redução populacional experimentada pela espécie nas últimas três gerações (18 anos), devido em grande parte ao declínio do habitat, aos efeitos de coespecíficos introduzidos (por exemplo, hibridização) e uma epidemia de febre amarela supostamente reduzindo pelo menos uma das subpopulações mais significativas em 90%. Além disso, a população total é estimada em 4 440 indivíduos, com o número total de indivíduos maduros abaixo de 2 500.[3] Em 2005, foi avaliado como em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[12] em 2010, como em perigo na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais;[13] em 2014, como em perigo na Portaria MMA N.º 444 de 17 de dezembro de 2014;[14] e em 2018, como em perigo no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[15] Também consta no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES).[16]

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Referências

  1. Groves, C. P.; Wilson, D. E.; Reeder, D. M. (2005). «Callithrix (Callithrix) flaviceps». Mammal Species of the World 3.ª ed. Baltimore: Imprensa da Universidade Johns Hopkins. pp. 111–184. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  2. Rylands, A. B.; Mittermeier, R. A. (2009). «The Diversity of the New World Primates (Platyrrhini): An Annotated Taxonomy». In: Garber, P.A.; Estrada, A; Bicca-Marques, J. C.; Heymann, E. W.; Strier, K. B. South American Primates: Comparative Perspectives in the Study of Behavior, Ecology, and Conservation 3.ª ed. Nova Iorque: Springer. pp. 23–54. ISBN 978-0-387-78704-6 
  3. a b Rylands, A. B., Ferrari, S. F. & Mendes, S. L. (2008). Callithrix flaviceps (em inglês). IUCN 2012. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2012. Página visitada em 13 de abril de 2022..
  4. Hilário, Renato R.; Ferraz, Daniel da S.; Pereira, Daniel G.; Melo, Fabiano R.; Oliveira, Leonardo C.; Valença-Montenegro, Mônica Mafra. «Mamíferos - Callithrix flaviceps - Sagui-da-serra-claro - Avaliação do Risco de Extinção de Callithrix flaviceps (Thomas, 1903) no Brasil». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 13 de abril de 2022. Cópia arquivada em 28 de abril de 2022 
  5. a b Rylands, A. B.; Coimbra-Filho, A. F.; Mittermeier, R. A. (1993). «Systematics, geographic distribution, and some notes on the conservation status of the Callitrichidae». In: Rylands, A. B. Marmosets and tamarins: systematics, behavior and ecology 3.ª ed. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. pp. 11–77 
  6. Braz, Alan Gerhardt; Lorini, Maria Lucia; Vale, Mariana Moncassim (11 de dezembro de 2018). «Climate change is likely to affect the distribution but not parapatry of the Brazilian marmoset monkeys (Callithrix spp.)». Diversity and Distributions (em inglês). 0 (0). ISSN 1472-4642. doi:10.1111/ddi.12872 
  7. Ferrari, Stephen Francis; Ferrari, Maria Aparecida Lopes (1990). «Predator avoidance behaviour in the buffy-headed marmoset, Callithrix flaviceps». Primates. 31 (3): 323–338. doi:10.1007/BF02381104 
  8. Orlandoni, S.; Mendes, S. L.; Veracini, C. (2009). «Individual and Gender Differences in Vocalizations of a Wild Group of the Buffy-Headed Marmoset (Callithrix flaviceps)». Folia Primatologica. 80 (6): 375. ISSN 0015-5713 
  9. Orlandoni, S.; Mendes, S. L.; Veracini, C. (2009). «Vocalizations in a Food Sharing Contest in a Wild Group of Buffy-Headed Marmosets (Callithrix flaviceps)». Folia Primatologica. 80 (6): 392. ISSN 0015-5713 
  10. Hilário, Renato R.; Ferrari, Stephen F. (junho de 2010). «Feeding Ecology of a Group of Buffy-headed Marmosets (Callithrix Flaviceps): Fungi as a Preferred Resource». Jornal Americano de Primatologia [American Journal of Primatology]. 72 (6): 515-21 
  11. Hilário, Renato R.; Ferrari, Stephen Francis (2011). «Why Feed on Fungi? The Nutritional Content of Sporocarps Consumed by Buffy-Headed Marmosets, Callithrix flaviceps (Primates: Callitrichidae), in Southeastern Brazil». Journal of Chemical Ecology. 37 (2): 145–149. PMID 21271277. doi:10.1007/s10886-011-9911-x. Consultado em 28 de abril de 2022 
  12. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  13. «Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais» (PDF). Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM. 30 de abril de 2010. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 21 de janeiro de 2022 
  14. «PORTARIA N.º 444, de 17 de dezembro de 2014» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 24 de julho de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 12 de julho de 2022 
  15. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  16. «Callithrix flaviceps (Thomas, 1903)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 26 de abril de 2022. Cópia arquivada em 28 de abril de 2022