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Don Juan

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 Nota: Se procura cantor brasileiro de funk, veja MC Don Juan. Se procura a ópera de Mozart, veja Don Giovanni.
Don Juan, no momento da luta

Don Juan é um personagem arquetípico da literatura espanhola e que detém uma ampla descendência literária no continente europeu. Ele foi criado por Tirso de Molina.

A lenda de Don Juan

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A lenda diz que Don Juan seduzira uma jovem moça de família nobre da Espanha: libertino e impetuoso, assassinou seu pai. Depois, tendo encontrado num cemitério uma estátua deste, jocosamente a convidara para um jantar, o convite foi aceito alegremente pela estátua. O fantasma do pai ali também chegara, como precursor da morte de Don Juan. A estátua pedira para apertar-lhe a mão e, quando este lhe estendeu o braço, foi por ela arrastado até o Inferno.

A maioria dos estudiosos afirma que o primeiro conto a registar a história de Don Juan foi El Burlador de Sevilla y Convidado de Piedra [o Trapaceio de Sevilha e o convidado de pedra]. As datas para esta publicação, entretanto, variam de 1620 até 1635, dependendo da fonte - embora haja outros registros de que seja conhecida em Espanha desde 1615. Segundo este conto, Don Juan é um mulherengo inveterado, que seduzia as mulheres disfarçando-se de seus amantes ou lhes prometendo o matrimônio. Atrás de si, deixa um rasto de corações partidos até que, finalmente, acaba matando um certo Don Gonzalo. Quando depois é convidado pelo fantasma deste para um jantar numa catedral, acaba por aceitar, por não querer parecer um covarde.

As visões acerca da lenda variam de acordo com as opiniões sobre o caráter de Don Juan, apresentado dentro de duas perspectivas básicas. De acordo com uns, era um mulherengo barato, concupiscente, cruel sedutor que buscava apenas a conquista e o sexo. Outros pretendem, porém, que ele efetivamente amava as mulheres que conquistava, e que era verdadeiramente capaz de encontrar a beleza interior da mulher. As versões primitivas da lenda sempre o retratam como no primeiro caso.

Don Juan na literatura

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Uma mais recente versão da lenda de Don Juan é apresentada na obra de José Zorilla, Don Juan Tenorio, de 1844. Esta versão apresenta um Don Juan totalmente envelhecido. A ação principia com Don Juan e seu amigo Don Luís, ambos contando as suas seduções um para o outro, procuram saber qual o mais conquistador. Don Juan exc a Don Luís que, então, lança-lhe o desafio de conquistar uma mulher com a alma pura, deixando nele o desejo de conquistar uma mulher devota. Então, este propõe-se a seduzir Dona Inês, noiva de Don Luís - o que efetivamente consegue, ao tempo em que encontra o verdadeiro amor. Enraivecidos, o pai de Dona Inês junto a Don Luís procuram vingar-se. A história termina com uma disputa entre as almas de Dona Inês e do seu pai pela alma de Don Juan: enquanto este tenta levá-lo para o Inferno, aquela consegue trazê-lo para o Céu.

Em La gitanilla [A ciganinha], novela de Miguel de Cervantes, a personagem que se apaixona pela cigana chama-se Don Juan de Cárcamo - provavelmente uma referência com a lenda popular.

Uma peça chamada Don Juan Tenório [Don Giovanni Tenorio, ossia Il Disoluto] foi escrita em 1736 por Carlo Goldoni, famoso dramaturgo italiano de comédias.

No romance O Fantasma da Ópera, a ópera que está sendo escrita pelo fantasma é Don Juan Triunfante.

No conto O Elixir da Longa Vida, de Honoré de Balzac, a personagem principal chama-se Don Juan e inicia o conto sendo uma figura sedutora, bígama e boêmia. Além disso, tem uma intriga com o pai, como sugere a lenda inicial.

O famoso poeta romântico Lord Byron escreveu uma versão épica para o mito, o seu Don Juan, que é considerada a sua obra-prima. Entretanto, esta obra restou inacabada, com sua morte, mas retrata um Don Juan vitimado por uma educação católica repressiva, sendo fruto inocente desta visão distorcida. Neste poema Don Juan é iniciado no verdadeiro amor pela bela filha de um pirata, que o vende depois como escravo para a esposa de um sultão, a fim de satisfazer-lhe os desejos carnais. O Don Juan de Byron é menos sedutor e mais uma vítima dos desejos femininos e de seus infortúnios. O primeiro envolvimento amoroso do Don Juan byroniano foi com Donna Júlia, moça casada, de vinte e três anos, enquanto ele tinha apenas dezesseis. Don Juan foi também o nome do barco do poeta Percy Bysshe Shelley, amigo de Byron, no qual Shelley morreu afogado.

Também José Saramago deu a sua versão moderna para o mito, seguindo a trilha aberta pelo também escritor português Almeida Faria, na obra O conquistador. Saramago, que intitulou sua obra como Mozart (Don Giovanni), ao contrário de Faria, devolveu à história o seu tom dramático original.

Don Juan Tenório foi também apresentado em várias paródias do comediante mexicano Chespirito.

Ainda mais recentemente, Don Juan foi utilizado no romance de fantasia brasileiro: Dragões de Éter - Círculos da Chuva, onde o personagem competia com Casanova na conquista da bela Maria Hanson.

La Barque de Don Juan por Delacroix.
  • La Barque de Don Juan ou Le Naufrage de Don Juan é uma pintura do artista francês Eugène Ferdinand Victor Delacroix, pintada no ano de 1841, inspirada nas páginas de Byron, onde trata sob sua ótica pessoal as palavras do poeta:
"Un océan sans fin aux flots lourds et clapotants et une étroite bande de ciel plein de colére et chargé d'ouragan sert de cadre à la barque sans voile, sans rame, sans boussole, sans gouvernail, où une vingtaine d'hommes demi-nus, hâves, maigres, convulsés par les plus sinistres convoitises, tirent au sort la victime qui doit nourrir ses compagnons".
Numa tradução livre:Um oceano sem fim de lama pesada e um uma estreita faixa de céu plena de cólera e carregado como um furacão faz a um barco sem vela, sem remo, sem bússola, sem leme, onde uma vintena de homens seminus, desfigurados, magros, convulsionados pela mais sinistra luxúria, escolhendo ao acaso a vítima que irá alimentar seus companheiros.
  • Um quadro de Alfred Johannot, representando Dom Juan naufragando por Haydée foi exposto, em 1831.

Obras inspiradas no mito de Don Juan

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Referências