Saltar para o conteúdo

Graf

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Graf (desambiguação).
Coroa heráldica de Graf

Graf (em alemão: Graf; feminino Gräfin) é um título nobiliárquico histórico germânico, equivalente genérico ao conde (derivado do comes latino, e com uma história própria) e ao earl britânico (título anglo-saxão similar ao jarl viquingue). Imediatamente superior a freiherr ("barão") e inferior a raugraf. Sua origem é incerta; Paulo, o Diácono escreveu (em latim) por volta de 790: "o conde dos bávaros, que eles chamam gravio, que governava Bauzano (Bauzanum, atual Bolzano) e outras praças-forte…";[1] isto leva a crer que o termo seja de origem germânica, embora uma associação com o termo grego graphēin ("escrever") já tenha sido sugerida.

Desde agosto de 1919, na Alemanha, Graf e todos os outros títulos passaram a ser considerados como parte integrante do sobrenome dos titulares e de seus descendentes que ainda residiam na Alemanha.[2] O título condal Graf também era utilizado, então, por falantes do alemão (tanto como língua oficial quanto vernáculo) na Áustria e em outras terras dominadas pelos Habsburgo (como a Hungria e as terras eslavas), em Liechtenstein e boa parte da Suíça.

Primeiramente, até o século XV, um graf obrigatoriamente exercia autoridade ou jurisdição sobre um território conhecido como um Grafschaft, literalmente condado, mas após esta data o título passou a ser usado apenas como grau de nobreza.

Os títulos nobiliárquicos de graf (conde) concedidos na primeira metade do Sacro Império Romano-Germânico (962-1806), frequentemente estavam relacionados à jurisdição ou a autoridade sobre um território, ou ao exercício de alguma função pública e representavam concessões especiais, tanto em termos de autoridade quanto de posição. Após o século XV, membros da nobreza receberam o título de graf mas sem que lhe estivesse adstrita qualquer função pública, somente como grau de nobreza. Apenas os títulos nobiliárquicos mais importantes permanecem em uso até a actualidade.

Lista de títulos nobiliárquicos contendo o termo graf

[editar | editar código-fonte]

Alguns têm aproximadamente o grau de conde, alguns um pouco acima, outros um pouco abaixo.

Alemão Inglês Comentário/ etimologia
Markgraf Margrave
(somente no continente)
em alemão: Mark: marca de fronteira + em alemão: Graf. Autoridade exercida sobre um território na fronteira do Sacro Império Romano-Germânico. O grau equivalente na nobreza ibérica era o marquês.
Landgraf Landgrave em alemão: Land: terra + Graf. Autoridade exercida sobre uma província inteira. O grau equivalente na nobreza ibérica era o conde.
Reichsgraf Count of the Empire em alemão: Reich: o Sacro Império + Graf. Conde imperial, cujo título era garantido ou reconhecido pelo imperador romano-germânico.
Gefürsteter Graf Princely Count Verbo alemão para "to make into a Reichsfürst + Graf
Pfalzgraf Count Palatine
ou Palsgrave (o último é forma arcaica em inglês)
Pfalz (Palatinado + em alemão: Graf. Originalmente governado "com a autoridade do palácio imperial", posteriormente, governador da "Terra do Palácio", i.e., o Palatinado.
Rheingraf Rhinegrave Rhein (Reno) + Graf. Governador do território vizinho ao rio Reno.
Burggraf Burgrave em alemão: Burg (castelo, burgo) + Graf. Governador do território em volta ou dominado por uma fortificação ou castelo fortificado.
Altgraf Altgrave em alemão: Alt (velho) + Graf. A condado cujo título pré-imperial garante o título atual. Unicamente na família Salm.
Freigraf Free Count em alemão: Frei (livre) + Graf. Ambos títulos feudais da faixa de conde mais um escritório técnico.
Wildgraf Wildgrave em alemão: Wild (selvagem) + Graf. Governador de território centrado numa área selvagem.
Raugraf Raugrave em alemão: Rau (desabitado, selvagem) + Graf. Governador de território centrado numa área subdesenvolvida.
Vizegraf Viscount em alemão: Vize (vice, substituto) + Graf

Margrave (em alemão: Markgraf), literalmente o "defensor da marca de fronteira" (província), denominação dada, desde o Império Carolíngio, aos responsáveis pela defesa das regiões fronteiriças e, por isso mesmo, mais sujeitas a ataques.[3]

O termo original latino marchio, originou o termo marquês.

Coroa de landegrave

Landegrave (em alemão: Landgraf - feminino Landgravine) foi um título nobiliárquico usado por vários condes do Sacro Império Romano-Germânico desde o século XII.[4]

O primeiro território a ter um landegrave foi a Turíngia e o título foi conferido à família Ludowing em 1130 pelo imperador Lotário II. [5]

Importante ressaltar que na sua origem, e por muitos séculos, os landegraves tinham jurisdição sobre um território. [6]

Os landegraves da Alta e da Baixa Alsácia, assim como os de Brisgóvia (em alemão: Breisgau), adquiriram o título porque os seus condados correspondiam aos antigos condados do Império Carolíngio. Havia ainda landegraves da Turíngia e de Hesse. Dava-se ainda o título de landegrave, a magistrados que faziam justiça em nome do Imperador Romano-Germânico.

Os termos originais latinos eram comes provincialis, comes patriae, comes terrae, comes magnus.

Reichsgraf e Gefürsteter Graf

[editar | editar código-fonte]

Um Reichsgraf (em alemão: Reichsgraf) era um nobre cujo título de "conde" era conferido ou confirmado pelo Imperador Romano-Germânico e significa "conde imperial", i.e., um conde do Sacro Império Romano-Germânico.

Desde a época feudal qualquer conde cujo território estava dentro do império e sob a jurisdição imediata (Reichsfreiheit) do imperador com um voto compartilhado no Reichstag foi considerado membro da nobreza superior (Hochadel) na Alemanha, entre os príncipes (Fürsten) duques (Herzog|Herzöge), eleitores, e o próprio imperador.[7] Um conde que não era um Reichsgraf era provavelmente um dono legal de um feudo (Afterlehen) — ele estava sujeito à autoridade imediata de um príncipe do império, tal como um duque ou príncipe eleitor.

Porém, os imperadores ocasionalmente outorgavam o título de Reichsgraf a súditos e estrangeiros que não possuíam e não recebiam territórios imediatos — ou, às vezes, território algum.[7] Tais títulos eram puramente honoríficos.

Em português, Reichsgraf é usualmente traduzido simplesmente como "conde" e é combinado com um sufixo territorial (ex.: Conde da Holanda, Conde Reuss), ou um sobrenome Fugger|Conde Fugger, Conde von Browne. Mas, mesmo depois da abolição do Sacro Império Romano-Germânico em 1806, os Reichsgrafen mantiveram procedência acima dos demais condes na Alemanha. Aqueles que tiveram imediatidade imperial sob a Mediatização Alemã retiveram, até 1918, status e privilégios equivalente aos membros da dinastia reinante.

Um gefürsteter Graf ("conde principesco") é um Reichsgraf de nível principesco, mas não de título, pelo imperador.

Notáveis Reichsgrafen:

Uma lista completa de Reichsgrafen em 1792 pode ser encontrada na Lista de participantes do Reichstag (1792).

Rhinegrave (em alemão: Rheingraf) foi usado pelos condes de Rheingau, um condado situado entre Wiesbaden e Lorch, na margem direita do rio Reno. O seu castelo foi conhecido como o Rheingrafenstein. Após os rhinegraves herdarem o Vildgraviato e partes do Condado de Salm, eles próprios se auto-intitularam Vildgraves e Rhinegraves de Salm.

Burgrave ((em alemão: Burggraf e em neerlandês: burg- ou burch-graeve, latim médio burcgravius ou burgicomes), isto é conde de um castelo ou de uma cidade fortificada. O título é originalmente equivalente àquele de castelão (latim castellanus, praefectus), isto é governador de um castelo ou de uma cidade fortificada.

Altgrave (em alemão: Altgraf), que significa "velho conde", foi utilizado pelos condes do Baixo Salm a se distinguirem dos wilgraves e rhinegraves do Alto Salm, uma vez que o ramo da família dos do Baixo Salm era mais velho.

Wildgrave (em alemão: wildgraf) era atribuído aos nobres que tinham autoridade sobre as florestas ou áreas desabitadas. É semelhante a um raugrave (raugraf).

Raugrave (em alemão: Raugraf) era um título atribuído aos governantes de uma das duas partes em que se dividiu o Condado de Nahegau

Quando o Condado de Nahegau (nome originado a partir do nome rio Nahe) era dividido em duas partes, em 1113, os condes das duas partes chamavam-se wildgraves e raugraves, respectivamente. Eles foram nomeados devido ao nome onde as suas propriedades se localizavam geograficamente:

  • Wildgrave (Wildgraf), em latim comes sylvanus, depois da palavra wald (que significa "floresta");
  • Raugrave (Raugraf), em latim comes hirsutus, depois a partir das características montanhosas do terreno.

O primeiro raugrave foi o conde Emich I (falecido em 1172). A dinastia acabou no século XVIII. O título foi adquirido posteriormente pelo eleitor do Palatinado Carlos I Luís que comprou as propriedades, e depois de 1667 foi propriedade dos filhos do segundo casamento de Carlos, que casou com Marie Louise von Degenfeld.

Referências

  1. Historia gentis Langobardorum, V.xxxvi
  2. Segundo o artigo 109 da Constituição de Weimar, criada na fundação da República de Weimar, em decorrência da dissolução do Império Alemão em 1918.
  3. "O confronto que mudou a Europa". História Viva, 16. pg. 61.Editora Duetto. São Paulo (2005)
  4. «Landgrave». Encyclopædia Britannica. The Editors of Encyclopædia Britannica. Consultado em 18 de setembro de 2016. Landgrave, feminine landgravine, a title of nobility in Germany and Scandinavia, dating from the 12th century, 
  5. «Landgrave». Encyclopædia Britannica. The Editors of Encyclopædia Britannica. Consultado em 18 de setembro de 2016. The first landgraviate was Thuringia (conferred on the Ludowing family in 1130 by King Lothar II). 
  6. «Landgrave». Merriam-Webster. Consultado em 18 de setembro de 2016. a German count having a certain territorial jurisdiction — 
  7. a b Velde, François (13 de fevereiro de 2008). «Heraldica.org». The Holy Roman Empire. Consultado em 4 de março de 2008 
  • MAYER, Manfred. Geschichte der Burggrafen von Regensburg. München 1883.
  • MAYER, Theodor. Über Entstehung und Bedeutung der älteren deutschen Landgrafschaften. Mittelalterliche Studien – Gesammelte Aufsätze, ed. F. Knapp (Sigmaringen 1958) 187–201. Auch in: Zeitschrift der Savigny-Stiftung für Rechtsgeschichte, Germanische Abteilung 58 (1938) 210–288.
  • PÜTTER, Johann Stephan. Anleitung zur juristischen Praxi wie in Teutschland sowohl gerichtliche als außergerichtliche Rechtshändel … verhandelt und in Archiven beygeleget werden. Theil 2: Zugaben: insonderheit von der Orthographie und Richtigkeit der Sprache und vom teutschen Canzley-Ceremoniel. 5. Auflage. Vandenhoeck, Göttingen 1802.

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]