Saltar para o conteúdo

Hansen Bahia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Hansen Bahia
Nascimento 19 de abril de 1915
Hamburgo
Morte 28 de junho de 1978 (63 anos)
São Paulo
Residência Hamburgo, São Paulo, Salvador, Adis Abeba, São Félix
Cidadania Brasil, Alemanha
Ocupação ilustrador, pintor, xilogravador
Empregador(a) Melhoramentos

Karl Heinz Hansen (Hamburgo, Alemanha, 1915 – São Paulo, 1978), mais conhecido como Hansen Bahia, foi um artista alemão de cidadania brasileira, que atuou em diversas formas artísticas, tendo destacado-se por suas ilustrações e xilogravuras que registraram a vida no centro histórico de Salvador.[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Karl Heinz Hansen nasceu na cidade alemã de Hamburgo, em 19 de abril de 1915, filho de Hertha Hansen Neverman e Carl Hansen, uma família humilde.[2][3][4][5][6]

Deixou seu país natal em 1950 com destino ao Brasil, onde se estabeleceu na cidade de São Paulo. Trabalhou por 5 anos como decorador para a Companhia de Melhoramentos, tendo desenvolvido uma série de xilogravuras.[2][3]

Em 1955, foi a Salvador para uma exposição na Galeria Oxumaré e encantou-se pelo lugar. Mudou-se para a Bahia e a adotou como nome artístico.[2][3]

Hansen Bahia residiu no bairro de Amaralina (Salvador) com sua segunda esposa. Após retornar da Alemanha, sua terceira esposa adquiriu dois lotes juntos contíguos no bairro de Jaguaripe (Salvador) à beira-mar, onde construíram uma casa e passaram a residir.[4]

Em 1975, o casal visitou as cidades de Cachoeira e São Félix por indicação da ex-aluna Noelice Costa Pinto e de seu amigo José Mário Peixoto Costa Pinto.[2][3] Como a paisagem lembrava Hamburgo na época da infância de Karl Hansen, decidiram mudar-se para São Félix[6] e doar, em testamento, sua obra artística para a Bahia, com a finalidade de criar uma fundação com o seu nome em Cachoeira.[2]

No dia 30 de maio de 1978, Hansen Bahia estava muito doente (edema pulmonar, uremia-câncer de bexiga) e viajou para São Paulo para realizar tratamento. A cirurgia ocorreu no dia 13 de junho, mas ele não resistiu ao pós-operatório, vindo a falecer às 16 horas do dia seguinte (14 de junho). Karlz Hansen foi cremado em São Paulo.[4] Seus restos mortais foram levados por Ilse para a cidade de São Félix e enterrados na fazenda em que viveu.[1][8][9][10]

O acervo doado para a Bahia, sob guarda da Fundação Hansen Bahia, é composto por mais de 4.000 obras em papel e 260 matrizes de xilogravuras.[11]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Dentre as principais atividades profissionais que esse multiartista desempenhou (gravação, escultura, pintura, ilustração, poesia, escrita, cinema), estão:[1][12]

  • 1935-1936 - marinheiro - Alemanha
  • 1936-45 - soldado na 2ª Guerra Mundial e pintor nas horas vagas - Alemanha
  • 1946-49 - artista gráfico e xilogravurista - Estocolmo (Suécia)
  • 1950 - primeira exposição no Museu de Arte de São Paulo - São Paulo (Brasil)
  • 1950-55 - xilogravurista na Editora Melhoramentos - São Paulo (Brasil)
  • 1950-55 - três Bienais de São Paulo e diversas exposições em museus internacionais - São Paulo (Brasil)
  • 1955 - mora, trabalha e expõe em Salvador (Brasil)
  • 1959 - monta um ateliê em Tittmoning (Alemanha)
  • 1963-1966 - funda um Curso de Artes Gráficas de Xilogravura em Adis Abeba (Etiópia)
  • 1967 - curso livre de xilogravura no Instituto Cultural Brasil Alemanha[4]
  • 1971 - V Centenário de Nascimento de Dürer, no Museu Germânico - Nurenberg (Alemanha Ocidental)[5]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Karl Heinz Hansen foi casado três vezes. Com a segunda esposa, teve dois filhos: Irmie e Vitório. Após o falecimento de Karl, diz-se que os três foram até a casa dos Hansens e retiraram diversos itens a título de herança.[4]

No período em que retornou à Alemanha, Karl divorciou-se de sua segunda esposa por senteça de juiz. Em 1971, casou-se com a camponesa e artista Ilse Carolina Stromier, 19 anos mais jovem do que ele, em uma capela na Alemanha. Ilse fora sua aluna no ateliê em Tittmoning e tornou-se sua companheira e musa.[4][12][13]

Ilse faleceu cinco anos depois de Karl, no dia 5 de junho de 1983, vítima de cirrose causada pela bebida.[13] Suas cinzas foram enterradas junto com Karl. Após a morte de Ilse, a fazenda, todo o mobiliário e as ferramentas de trabalho do casal foram incorporados à Fundação Hansen Bahia.[4][6][8][9]

Reconhecimentos[editar | editar código-fonte]

  • 2015 - Volume com seu nome na Coleção Gente da Bahia[14]
  • 2010 - Exposição comemorativa aos 95 anos de Karl Hans Hansen, na Fundação Hansen Bahia[5]
  • 1978 - Inauguração do Museu Hansen Bahia[4]
  • 1976 - A Prefeitura Municipal de Cachoeira doa a Casa natal de Ana Nery para sediar provisoriamente a Fundação Hansen Bahia[2][4]
  • 1976 - Exposição em sua homenagem, no Touring Clube - Brasília[4]
  • 1972 - Franz Geierhaan, diretor da International Print Society, vai da Pensilvânia à Bahia para ver o trabalho de Hansen
  • 1971 - Exposição "25 anos de Hansen Bahia", no Museu Gutenberg - Mainz (Alemanha Ocidental)[5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Cultural, Instituto Itaú. «Hansen Bahia». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 28 de junho de 2024 
  2. a b c d e f g «Hansen Bahia - Cachoeira». facom.ufba.br. Consultado em 28 de junho de 2024 
  3. a b c d Fundação Hansen Bahia. Biografia.
  4. a b c d e f g h i j «Memória Histórica da Fundação Hansen Bahia | ABI». Consultado em 28 de junho de 2024 
  5. a b c d e f Evandro Sybine. Karl Heinz Hansen - Hansen Bahia. 19º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas “Entre Territórios” – 20 a 25/09/2010 – Cachoeira – Bahia – Brasil.
  6. a b c «Exposição em São Félix da obra e vida de Hansen Bahia». UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Consultado em 28 de junho de 2024 
  7. Assembleia Legislativa da Bahia. Assembleia lança livro sobre Hansen Bahia. 17-07-2013.
  8. a b «Museu Casa». hansenbahia.com. Consultado em 3 de agosto de 2021 
  9. a b «No Recôncavo, conheça a arte de um alemão muito baiano». nabahia.com.br. Consultado em 3 de agosto de 2021 
  10. «Hansen Bahia (Karl Heinz Hansen)». www.dicionario.belasartes.ufba.br. Consultado em 28 de junho de 2024 
  11. «Fundação Hansen Bahia abre temporada com exposição sobre sexualidade». www.ufrb.edu.br. Consultado em 28 de junho de 2024 
  12. a b Annalice Del Vecchio. Artista alemão com a Bahia na alma e no nome. 20/07/2009.
  13. a b «São Félix – Antiga Casa dos Hansen na Fazenda Santa Bárbara | ipatrimônio». Consultado em 28 de junho de 2024 
  14. iBahia (17 de setembro de 2015). «Alba lança mais 4 títulos da coleção Gente da Bahia». iBahia. Consultado em 28 de junho de 2024