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Mateus, o Evangelista

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(Redirecionado de Mateus (evangelista))
 Nota: "São Mateus" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja São Mateus.
Mateus
Mateus, o Evangelista
O Evangelista Mateus inspirado
por um anjo
, por Rembrandt.
O Publicano, Apóstolo, Evangelista e Mártir
Nascimento Galileia, Palestina
Morte c. década de 70
Hierápolis ou Etiópia
Veneração por Igreja Católica, Igreja Ortodoxa, Igreja Luterana e Igreja Anglicana.
Principal templo Catedral de Salerno, Itália
Festa litúrgica 21 de setembro no ocidente
16 de novembro no oriente
Atribuições Um anjo inspirando-o
Padroeiro dos contabilistas, de Salerno e da Itália, entre outros[1]
Portal dos Santos

Mateus[a] Evangelista, Mateus Apóstolo ou São Mateus' foi, segundo o relato dos Padres da Igreja, um dos Doze Apóstolos, o autor do Evangelho de Mateus e, segundo os relatos de Jerônimo de Estridão[b] e Eusébio de Cesareia,[3] o autor do Evangelho dos Hebreus.

Identidade e primeiros anos

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Ver artigo principal: Chamado de Mateus

Entre os primeiros seguidores e apóstolos de Jesus, Mateus é mencionado em Mateus 9:9 e Mateus 10:3 como tendo sido um coletor de impostos de Cafarnaum que foi convidado para o círculo dos Doze por Jesus. É também mencionado como um dos doze apóstolos, embora sem referência à sua profissão anterior, em Marcos 3:18, Lucas 6:15 e Atos 1:13. Geralmente identificado como o Levi, filho de Alfeu, também coletor de impostos e que é citado em Marcos 2:14 e Lucas 5:27.[4]

Durante a ocupação romana, que iniciou em 63 a.C. com a conquista de Pompeu, Mateus coletava impostos do povo hebreu para Herodes Antipas, o tetrarca da Galileia.[4] Sua coletoria estava localizada em Cafarnaum. Judeus que enriqueciam desta maneira eram desprezados e considerados párias. Porém, como um coletor de impostos, ele deve ter sido alfabetizado em aramaico (ainda que provavelmente não em grego nem em latim).[5][6][7]

Foi neste cenário, perto de onde hoje está Almagor, que Jesus convidou Mateus para ser um dos Doze Apóstolos. Após o chamado, Mateus convidou Jesus para um banquete em sua casa. Ao ver isto, os escribas e os fariseus criticaram Jesus por cear com coletores de impostos e pecadores. A provocação fez Jesus responder, «Não vim chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento.» (Lucas 5:29).[7] Jesus assim Como entrou na casa de Zaqueu que também era coletor de impostos, Lucas 19.

O ministério de Mateus

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O ministério de Mateus no Novo Testamento é bastante complexo de atestar. Quando ele é mencionado, é geralmente junto com Tomé. Como discípulo, ele seguiu Cristo e foi uma das testemunhas da Ressurreição e da Ascensão. Depois, Mateus, Maria, Tiago e outros seguidores próximos a Jesus se recolheram ao cenáculo em Jerusalém.[8][9] Na mesma época, Tiago[c][10] sucedeu a Jesus como líder da igreja de Jerusalém.[11]

Eles permaneceram nas redondezas de Jerusalém e proclamaram que Jesus, filho do carpinteiro José, era o Messias prometido nas profecias. Acredita-se que estes primeiros cristãos judeus eram chamados nazarenos[12]:pp. 597&722.[13] É quase certo que Mateus era um deles, uma vez que tanto o Novo Testamento quanto o Talmud assim atestam.[14]

Mateus pregou por quinze anos o Evangelho em hebraico para a comunidade judaica na Judeia. Mais tarde, ele viajaria fora da Judeia para outras provincias romanas, presumivelmente seguindo o ordenamento de Jesus em Mateus 28:16–20 e espalhou os ensinamentos de Jesus entre os etíopes, macedonianos, persas e partos.[9] Tanto a Igreja Católica quanto a Ortodoxa sustentam a crença tradicional de que ele tenha morrido mártir na Etiópia,[5][15] defendendo Santa Ifigênia da Etiópia.

O Evangelho de Mateus

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Ícone de São Mateus
Ver artigo principal: Evangelho segundo Mateus

Os cristãos do tempo de Mateus ainda se consideravam judeus e, como tais, eles adoravam no Templo[12]:pp. 957 & 722[16] e reverenciavam a Lei dada por Deus a Moisés. Eles também reverenciavam uma tradição oral chamada Torah Shebeal Peh, que interpretava a lei escrita. Foi neste contexto cultural (chamado Sitz im Leben) que a tradição oral cristã nasceu, conforme Jesus e rabinos cristãos desenvolveram a "mensagem" (evangelios) oral interpretando a lei escrita.[17][18][19]

Quando o Segundo Templo de Jerusalém foi destruído em 70 d.C., esta tradição oral não era mais possível e se tornou necessário escrevê-la, o que ocorreu na Mishná (parte do que seria posteriormente o Talmude).[20][21][22][23][24] Acredita-se que Mateus traduziu a "tradição oral cristã" (ou Logia) na forma escrita antes de partir para Roma.[d][15]

Orígenes afirma que o primeiro evangelho foi escrito por Mateus.[25][26] Este evangelho foi escrito em hebraico em Jerusalém para ser utilizado por cristãos-judeus e traduzido para o grego, embora esta não tenha sobrevivido. Uma cópia do original hebraico era mantido na Biblioteca Teológica de Cesareia Marítima. A comunidade nazarena transcreveu uma cópia para Jerónimo, que a utilizou em sua obra De Viris Illustribus.[2] O Evangelho de Mateus era então chamado "Evangelho dos Hebreus"[27] ou, às vezes, "Evangelho dos Apóstolos"[28][29][30] e acredita-se que ele foi o original "Mateus grego" encontrado na Bíblia. Porém, esta interpretação foi contestada por estudiosos modernos como Bart Ehrman e James Edwards.[e][31][32][33][34]

Os padres da Igreja Epifânio de Salamina e Jerônimo de Estridão mencionam um evangelho primordial, o hoje perdido Evangelho dos Hebreus, que foi parcialmente preservado nos escritos deles, e que teria sido escrito por Mateus.[33] Epifânio porém não afirma por si que o autor seria Mateus, ele apenas afirma que esta era a crença dos heréticos Ebionitas.[34] Certos estudiosos hoje em dia, notavelmente Raymond E. Brown, acreditam que "o evangelho canônico de Mateus foi escrito em grego por alguém que não foi testemunha ocular e cujo nome é desconhecido para nós e que dependia de fontes como o Evangelho de Marcos e a fonte Q",[35] uma teoria conhecida como Prioridade de Marcos. Há opiniões divergentes, como a de Craig Blomberg.[36][37][38]

  1. O nome em português provém do grego Ματθαῖος (romaniz.: Matthaîos) ou Μαθθαῖος (Maththaîos), que por sua vez é uma transliteração do hebraico מַתִּי‎ (Mattai), uma abreviatura de מַתִּתְיָהוּ‎, Mattithyahû, composto por Mattith ("presente") e Yâhû (YHWH), que significa "Presente YHWH". O nome em latim é Matthaeus, em árabe مَتَّى (Mattā), em aramaico ⲙⲁⲧⲑⲉⲟⲥ (Mattai) e em copta ⲙⲁⲧⲑⲉⲟⲥ (Mattheos).
  2. No 3.º capítulo de Dos Homens Ilustres (De Viris Illustribus)[2]
  3. Tiago é chamado "Tiago, irmão do Senhor". Há uma disputa sobre o que o evangelista quis dizer com isso. Veja mais detalhes em Tiago, o Justo.
  4. Veja também Diáspora (ou Tefutzot תפוצות, "dispersão").
  5. Veja também a Hipótese das duas fontes.

Referências

  1. «Saints.SQPN Blog: Saint Matthew the Apostle». Saints.sqpn.com. Consultado em 23 de dezembro de 2010 
  2. a b Schaff, Philip; Wace, Henry; et al., eds. (1885), Nicene and Post-Nicene Fathers (em inglês), Grand Rapids: WM. B. Eerdmans . «Matthew, surnamed Levi» no Wikisource em inglês.
  3. Eusébio de Cesareia, «cap. 39», The Writings of Papias (em inglês), III 
  4. a b Conegero, D. (2014). «Quem foi o apóstolo Mateus?» 
  5. a b «The International Standard Bible Encyclopedia: Matthew» (em inglês). Studylight.org. Consultado em 23 de dezembro de 2010 
  6. Marx,, Werner G. Bibliotheca Sacra. Money Matters in Matthew (em inglês). 136:542 (abril - junho de 1979):148- 57. [S.l.: s.n.] 
  7. a b «Saint Matthew the Evangelist» (em inglês). Encyclopædia Britannica. Consultado em 23 de dezembro de 2010 
  8. Atos 1:13
  9. a b "St. Matthew" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  10. William, Patrick (2009). James, the Lord's Brother (em inglês). [S.l.]: BiblioBazaar. 1 páginas. ISBN 1-113-20355-2 
  11. James the Just (em inglês). [S.l.]: CUA Press. Consultado em 23 de dezembro de 2010 
  12. a b F.L. Cross e E.A. Livingston (1989). The Oxford Dictionary of the Christian Church (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press 
  13. Mateus 2:22
  14. Pick, Bernhard (2006). The Talmud: What It Is and What It Knows of Jesus and His Followers (em inglês). [S.l.]: Kessinger Publishing. 116 páginas 
  15. a b Eusébio de Cesareia. «24». História Eclesiástica. The Order of the Gospels. (em inglês). III. [S.l.: s.n.] 
  16. Barrie, Wilson (2009). How Jesus Became Christian (em inglês). [S.l.]: Random House. pp. 1 – 20 
  17. Moreland, J. P. (2009). The God Question (em inglês). [S.l.]: Harvest House Publishers. pp. 111–115 
  18. Young, Brad (2007). Meet the rabbis: rabbinic thought and the teachings of Jesus (em inglês). [S.l.]: Hendrickson Publishers. pp. 3–203 
  19. Barclay, Joseph (2009). The Talmud. [S.l.]: BiblioBazaar, LLC. 14 páginas 
  20. Hershon, Paul Isaac (1880). «xv-xvi». A Talmudic miscellany (em inglês). [S.l.]: Trübner & co. 
  21. Halivni, Daṿid Weiss (1998). Revelation Restored: Divine Writ and Critical Responses (em inglês). [S.l.]: Westview Press. pp. xiii 
  22. Herford, R. Travers (2007). Christianity in Talmud and Midrash (em inglês). [S.l.]: KTAV Publishing House Inc. pp. 1–34 
  23. Wansbrough, Henry (2004). Jesus and the oral Gospel tradition. [S.l.]: Continuum International Publishing Group. pp. 9–59 
  24. Henaut, Barry W. (1993). Oral tradition and the Gospels (em inglês). [S.l.]: Continuum International Publishing Group. pp. 13–53 
  25. Eusébio de Cesareia. «25». História Eclesiástica. His Review of the Canonical Scriptures. (em inglês). III. [S.l.: s.n.] 
  26. Jerónimo. «2.12». Comentário sobre Mateus. [S.l.: s.n.] Consultado em 23 de dezembro de 2010 
  27. «Evangelho dos Hebreus» (em inglês). Fortress Press. Consultado em 23 de dezembro de 2010 
  28. Evangelho dos Apóstolos (em inglês). [S.l.]: C. Kegan Paul. Consultado em 23 de dezembro de 2010 
  29. G. Smith Pub. (1858). John Bovee Dods, ed. The Gospel of Jesus (em inglês). [S.l.]: G. Smith. pp. iv–vi. Consultado em 23 de dezembro de 2010 
  30. Jerónimo de Estridão. «3.2». Contra Pelágio (em inglês). [S.l.: s.n.] 
  31. Edwards, James R. (2009). The Hebrew Gospel & the Development of the Synoptic Tradition (em inglês). [S.l.]: Wm. B. Eerdmans Publishing Co. pp. 245–258 
  32. Ehrman, Bart (1999). Jesus: Apocalyptic Prophet of the New Millennium (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. 43 páginas 
  33. a b Mills, Watson E., Richard F. Wilson e Roger Aubrey Bullard (2003). Mercer Commentary on the New Testament (em inglês). [S.l.]: Mercer University Press. 942 páginas 
  34. a b Epifânio de Salamis (1987). «13». Panarion (em inglês). Leiden: Brill 
  35. Brown, Raymond E. (1997). Introduction to the New Testament (em inglês). [S.l.]: Anchor Bible. pp. 210–211 
  36. Kee, Howard Clark (1997). The Cambridge Companion to the Bible (em inglês). [S.l.: s.n.] 448 páginas 
  37. Wood, D. R. W. (1996). New Bible Dictionary (em inglês). [S.l.]: InterVarsity Press. p. 739 
  38. Strobel, Lee (1998). The Case for Christ (em inglês). [S.l.: s.n.] , citando Craig Blomberg}}
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