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Simetria

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 Nota: Se procura outros significados de "Simetria", veja Simetria (desambiguação).
Simetria radial (binária) na flor de Datura stramonium (Estramónio)
A assimetria
Villa Rotonda de Andrea Palladio, em Vicenza - Itália
Planta Baixa da Villa Rotonda
Vista interior da cúpula da Mesquita do Imã Khomeini, Isfahan, Irã.
Igreja da Graça, em Santarém - Portugal.
Monticello.

Simetria (do grego συμμετρία, de σύν "com" e μέτρον "medida") é uma relação de paridade em respeito a altura, largura e comprimento das partes necessárias para compor um todo.[1] Um exemplo de elemento simétrico são as figuras geométricas.

Segundo Vitrúvio, a simetria consiste na união e conformidade das partes de um trabalho, em relação à sua totalidade, e na beleza de cada uma das partes que compõem o trabalho. A simetria deriva do conceito grego de analogia, que é a relação entre todas as partes de uma estrutura com a estrutura inteira.[1][2] A simetria é necessária para a beleza de uma construção, ou para a beleza da figura humana.[2]

Simetria uniforme, em arquitetura, ocorre quando o mesmo motivo reina em toda a obra. Simetria reflexiva ocorre quando apenas os lados opostos são iguais.[1]

A assimetria é a ausência da simetria ou o seu inverso. Na natureza, o caranguejo violinista é um bom exemplo onde a pinça esquerda é maior do que o animal e a direita não é maior do que uma pata.

Ao decorrer da história da humanidade, são atribuídos diferentes significados para a palavra "simetria" em diferentes períodos.

A definição de Vitrúvio para simetria como uma correspondência de  medida  entre  uma  certa  parte  dos  membros de cada obra e a obra toda.[2] Cabe ressaltar que no período renascentista, Claude Perrault realizou a tradução do tratado de Vitrúvio para o idioma francês. Ao realizá-la ele traduz a palavra "simetria" como "proporção".[3]

Na obra Élements de Géometrie, Adrien-Marie Legendre apresenta um conceito moderno de simetria, considerado inovador, que está mais relacionado com uma relação entre sólidos, independente das posições que ocupam no espaço.[3] Isso, tornou possível que resultados anteriores em geometria espacial pudessem ser demonstrados trazendo independência em relação à sobreposição de sólidos.[4]

Além disso, o autor e arquiteto norte-americano, Francis Ching, apresenta em um de seus livro a definição de simetria como o equilíbrio na distribuição de um arranjo, formas e elementos em lados opostos de uma linha, plano ou sobre um centro, eixo.[5] Sendo assim, a simetria só é possível a partir da ocorrência de um eixo ou centro ao qual está estruturada e essa configuração simétrica exige um arranjo com padrões equivalentes de formas e espaços em lados opostos.[5] O eixo de simetria é uma linha, real ou imaginária, que atravessa o centro da figura.[5]

Tipos de simetria

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Os dois tipos de simetria mais usados na arquitetura são:

Simetria bilateral

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Arranjo equilibrado dos elementos semelhantes ou equivalentes em lados opostos de um eixo, de modo que somente um plano possa dividir o todo em metades idênticas.[5]

Simetria radial

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Arranjo equilibrado dos elementos semelhantes, irradiados de modo que a composição possa ser dividida em metades semelhantes ao traçar um plano em qualquer ângulo em relação a um ponto central ou ao longo de um eixo central.[5]

Simetria na arquitetura

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Na arquitetura, a simetria pode ser utilizada para organizar seus espaços e formas,[6] podendo ser encontrada em diversos formatos e escalas, desde a escala urbana de um cidade por meio de seu planejamento, ou pela concepção de uma edificação na qual a se dá por completo de modo simétrico, como na Villa Rotonda. Também pode ser encontrada em elementos específicos de uma construção, como os ladrilhos ou decoração do espaço,[6] como por exemplo, o interior da cúpula da Mesquita do Imã Khomeini no Irã.

A simetria na arquitetura também passa uma sensação de segurança e estabilidade, além de criar um senso de proporção. Sempre foi um tema importante na arquitetura, desde a Grécia Antiga a simetria é utilizada para passar uma ideia de ordem e harmonia nas construções.

Ching defende que é possível planejar uma composição de forma simétrica, desde que seja analisado e solucionado a assimetria ao redor, como a do terreno e do contexto analisado.[5] É possível ter simetria apenas em uma parte significativa ou importante do edifício. Todavia, a simetria pode ser usada além da parte interna ou de somente um edifício, podendo ocorrer também com o entorno de uma construção ou entre essas próprias construções.

Na obra História Global da Arquitetura os autores falam sobre como os edifícios clássicos exibem simetria tanto na eleva��ão quanto no plano.[7] A metade direita de uma elevação é simplesmente uma imagem espelhada da esquerda e mesmo que isso nem sempre seja possível alcançar, as variadas características simétricas provavelmente existirão.[7] E essa simetria se estende tanto à composição geral de uma elevação, quanto aos seus componentes.

A simetria na construção clássica utilizada nos planos, depende de seu efeito sobre a axialidade. Um dos principais desafios dos edifícios renascentistas é a maneira como os eixos são explorados, a simetria e axialidade são mantidos em planos complexos com salas de diferentes formas e tamanhos.[8] A importância e insistência do uso da simetria faz com que as entradas sejam colocadas ao centro do edifício e pavilhões, e a possibilidade de uma elevação com um número ímpar de baias, portanto, um número uniforme de colunas.[8]

Simetria na Arquitetura Renascentista

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Situada no período entre o início do século XIV e início do século XVII, a arquitetura no renascimento italiano se sintetizou por meio da valorização de conceitos matemáticos e geométricos com o propósito de demonstrar racionalidade artística. Com isso, a simetria se torna um dos conceitos mais importantes sendo considerada um aspecto central, pois os arquitetos dessa época realizavam um grande esforço para trazer a simetria e propoção para suas obras, como por exemplo, a Vila Rotonda de Andrea Palladio.[9]

A simetria está presente em obras de arquitetos renascentistas como Andrea Palladio, Leon Battista Alberti, Filippo Brunelleschi e Donato Bramante.

Igreja da Santa Cruz, Praia da Vitória

Exemplos de Simetria na Arquitetura

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A Igreja da Santa Cruz na Praia da Vitória, em Portugal, é um exemplo de arquitetura simétrica. É possível perceber o equilíbrio através da simetria.

O Templo de Parthenon, uma das obras mais famosas da arquitetura grega, deixa claro como a perfeita simetria era uma preocupação nas construções erguidas naquele período.

Templo de Parthenon
Taj Mahal, Índia

O Taj Mahal é um dos exemplos mais famosos de obra arquitetônica simétrica.

Planta baixa, Taj Mahal
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Referências

  1. a b c Ephraim Chambers, Cyclopaedia, Or an Universal Dictionary of Arts and Sciences... (1743), Symmetry, p.749s [em linha]
  2. a b c Vitrúvio, De Architectura, Livro III, 1.1 [em linha]
  3. a b Pasquini, Regina Célia Guapo; Bortolossi, Humberto José (2016). «O QUE É SIMETRIA? DIFERENTES USOS DA PALAVRA AO LONGO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA». Boletim Cearense de Educação e História da Matemática (9): 6–17. ISSN 2447-8504. Consultado em 18 de maio de 2021 
  4. Pizzo, Alan Machado (2017). «O conceito moderno de simetria : uma proposta de abordagem para o ensino médio». bdtd.ibict.br. Consultado em 18 de maio de 2021 
  5. a b c d e f K., Ching, Francis D (1998). Arquitetura forma, espaço e ordem. [S.l.]: Martins Fontes. OCLC 124029464 
  6. a b CHING, FRANCIS D. K.; ECKLER, JAMES F. (2014). Introdução à arquitetura. Porto Alegre: Bookman. pp. 161–162 
  7. a b «Review: A Global History of Architecture, by Francis D. K. Ching, Mark M. Jarzombek, and Vikramaditya Prakash». Journal of the Society of Architectural Historians (1): 134–135. 1 de março de 2008. ISSN 0037-9808. doi:10.1525/jsah.2008.67.1.134. Consultado em 4 de maio de 2022 
  8. a b Chitham, Robert (2004). The classical orders of architecture. [S.l.]: Second Edition 
  9. Lima, Fellipe de Andrade Abreu e (16 de outubro de 2013). «OS PRINCÍPIOS ARQUITETÔNICOS DO RENASCIMENTO ITALIANO». Veredas Favip - Revista Eletrônica de Ciências (1). ISSN 1984-8463. Consultado em 18 de maio de 2021 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Asymétrie», especificamente desta versão.